Ponto Histórico:
Concurso Sampacentro - O dia que começa
<i>Por Arlindo Gonçalves</i>
Folia no Vale Negro
Na entrada, uma governanta sinistra chamada Ágata (cuspa no chão ao falar o nome dela, porque todos fazem isso) recepciona a platéia. Sem piscar. O alto da porta é enfeitado por uma cabeça de veado. Morta, claro. Há muito tempo, morta. Mórbido? Espere para responder...
Meu sonho é ser dona de casa
No radinho de pilha preto toca uma música do cantor sertanejo Daniel. Essa parece ser a única distração da mulher que fica atrás do balcão da barraca de pastel e de caldo de cana. Com a cara amarrada e o semblante cansado, ela atende às pessoas como se em toda a sua vida não tivesse feito mais nada além de trabalhar neste emprego.
A lógica da física no Centro
Carl Sagan: “Bilhões e Bilhões”. É este livro que move Mário Rui Coutinho Carmo, 30, a voltar ao Centro. “Aqui é o único lugar calmo onde eu consigo ler um pouco”, diz. A “calma” fica encravada alguns metros acima da Rua Amaral Gurgel, no Minhocão.
Domingueira
Era um domingo de muito sol. Sem vento nenhum. Mas as crianças não pareciam se importar. Jogavam bola na rua sossegadamente. O barulho era grande. Mas não vinha da folia. Era o movimento dos carros abaixo delas. Elas continuavam brincando como se não fosse com elas. E não era mesmo. E corriam num lugar bem improvável: o Minhocão. Fechado por ser domingo, quando se torna área de lazer, o viaduto troca seu tráfego de 10 mil veículos diários por bicicletas, patins, skates e passeios de mãos dadas.