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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Lá na Kaká Tem

Amiga ou inimiga, amada ou odiada, polêmica e sempre notada. Assim é definida a drag Kaká di Polly, figura conhecida na noite gay paulistana. Nascida Carlos Alberto, formada em psicologia pela Universidade São Marcos (SP), Kaká é como se fosse uma madrinha das drag queens e travestis de São Paulo. Além de ser tratada como a "mãezona" de todos, ela é dona da agência "Top Best Drags" que, segundo ela, indica os maiores talentos na área. "A drag ganhou do psicólogo, porque dá mais dinheiro, satisfação e fama", diz. Há dois meses, Kaká abriu uma loja especializada em produtos para drags na rua Amaral Gurgel. Lá elas podem "se montar" (se produzir para festas e eventos) gastando de 50 a 500 reais, segundo a proprietária. Localizada em um edifício antigo ao lado de uma Sex Shop, a loja fica um tanto escondida, já que não tem vitrine. Também, nem precisa: uma bandeira com as cores do arco-íris no segundo andar do prédio avisa que "Aqui na Kaká Tem". Quem quiser subir deve tocar o interfone. A aparência desoladora das escadarias esconde uma alegre surpresa: araras com roupas de todos os estilos e cores, além de chapéus com girassóis, plumas e paetês, plataformas cintilantes, bijuterias, óculos da Hebe, vídeos --de Tina Turner e Barbra Straisand a Festas no Scala--, livros como "Grrrils - Garotas Iradas", de Vange Leonel, ou "O que a Bíblia Realmente Diz sobre a Homossexualidade", de Daniel A. Helminiak, e, claro, um balcão só com maquiagens. Em meio a tudo isso, há ainda alguns troféus que Kaká recebeu, como o "Destaque 2001", que ganhou em Juiz de Fora (MG), por ser uma das melhores da noite GLS. Por trás das roupas da loja, disponíveis para compra ou aluguel, está Hélio, estilista e costureiro. "Muita gente vem aqui só pra conhecer o babado", comenta. Nascido e criado no Recife (PE), ele diz que, quando era pequeno, gostava de ficar olhando a avó costurar. "Aproveitava quando ela saía pra ir mexer na máquina de costura escondido", diz. "E depois apanhava." Mas nem por isso deixou de seguir sua vocação: veio para São Paulo e trabalhou fazendo figurino no carnaval para escolas de samba como a Acadêmicos do Ipiranga e decoração de festas. "Gosto de costurar de tudo, mas antes penso na pessoa que vai usar e na ocasião." Na "Lá na Kaká tem" --o nome da loja é esse mesmo-- o que faz muito sucesso são as maquiagens. "Tem muita procura por pancake, pó e batom." Durante nossa visita, um grupo de travestis chega e comprova o que Hélio tinha acabado de nos dizer. Além de uma loja conceitual --que vende roupas e também um estilo de vida-- esta funciona como um ponto de encontro e chegou a virar até uma sala de visitas por alguns momentos. Em um dos sofás, um grupinho de "monas" se reuniu e aí não houve peça de roupa ou acessório que as fizesse parar de falar. Além de opiniões sobre as roupas --como uma saia feita de placas de metal, assinada por Hélio-- a pauta girava em torno dos tipos de programas que elas tinham de fazer e os problemas que enfrentavam. "Por trás de tudo isso tem muito lelê", diz Kaká di Polly, explicando que gosta de conversar com os travestis e as drags que passam por sua loja para encontrar roupas --e também um ombro amigo. (20/11/2001) Serviço:
Lá na Kaká Tem
Rua Amaral Gurgel, 386, tel. 3120-5923

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