A lógica da física no Centro

Carl Sagan: “Bilhões e Bilhões”. É este livro que move Mário Rui Coutinho Carmo, 30, a voltar ao Centro. “Aqui é o único lugar calmo onde eu consigo ler um pouco”, diz. A “calma” fica encravada alguns metros acima da Rua Amaral Gurgel, no Minhocão.

Pode parecer loucura, mas ele se concentra para ler a obra do astrofísico em meio ao barulho dos 10 mil carros diários que passam logo abaixo. “Sou professor de exatas em turmas do colegial em uma escola de Guarulhos. Isso para mim é fichinha. Já estou acostumado.” Mário, que hoje vive na Vila Guilherme, na zona norte, morou por muito tempo no Largo do Arouche. “Ali é uma espécie de ilha, de oásis, no meio do mundo de prostituição da região”, conta. “E eu vinha muito aqui para andar de bicicleta. Vinha e voltava do Minhocão tantas vezes que, quando mudei para a Vila Guilherme, vinha pedalando de lá até aqui sem sentir a diferença”, diz ele, que hoje se considera “acima do peso”. “É bom que o movimento não me deixa dormir enquanto estou lendo”, diz. Também com o calor que faz...