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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 ºC, São Paulo

Ponto Histórico:

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Muitos quilômetros andados

Depois de mudar para São Paulo, em 1998, Thiago Costa virou um desbravador. Não exatamente daquele tipo que sai com um facão cortando o mato que aparece pela frente. Ele é um desbravador dos mais urbanos possíveis. As trilhas pelas quais ele anda já estão bem pavimentadas e super-habitadas. Mas há tantas coisas interessantes escondidas pelo caminho que ele não consegue mais ficar sem andar pelo Centro de São Paulo.

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McCartiano à flor da pele

<foto1>A paixão começou em 1965 quando "Help" chegou aos cinemas. "Já ouvia os Beatles na rádio, mas era pequeno e não dava muita bola. Quando saiu o filme tinha uns 11 anos e pedi pra minha irmã me levar", lembra João Rico. A partir daí, o dinheiro da escola ficava para os discos dos Beatles e também do Roberto Carlos - mas só na fase dos anos 60. Da escola veio mais estímulo. "Uma menina pediu para que a direção do Colégio João XXIII, onde eu estudava, deixasse tocar músicas durante o recreio. Quando a música terminasse era hora de entrar pra aula. Não era só Beatles, mas tocava muito! Nessa época eu estava nas 3a e 4a séries colegiais".

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Galeria do Rock

<foto1>A Galeria do Rock é um conglomerado de 450 estabelecimentos comerciais, sendo 190 dedicadas ao mundo do rock. São vendidos CDs, discos, vídeos, camisetas, acessórios, bandeiras, pôsteres e itens de decoração. Há também estúdios de piercing e tatuagem e sedes de fã-clubes, como o Magical Mystery Tour (Beatles), Sepultura, e Raul Seixas. Os outros são lojas de roupas, estabelecimentos de serigrafia, salões de cabeleireiros, oculistas, alfaiates, etc. O prédio onde hoje se encontra a Galeria foi fundado em 1963, com o nome de Shopping Center Grandes Galerias, um centro comercial diversificado com lojas de serigrafia, salões de beleza, locais que realizavam consertos de TVs e outros. No final dos anos 70, o edifício passou a começou a haver uma “invasão” de lojas de disco voltadas principalmente para o rock, comandada pela loja Baratos Afins, a primeira que se instalou por ali.

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It’s only rock’n’roll, but I like it!

Com uma coleção de 9,5 mil CDs e seis mil discos de vinil, Régis Tadeu, 40 anos, é mais do que um apaixonado por música. Ele mesmo se considera "um viciado". Álbuns de rock e pop ocupam a maior parte de suas estantes, onde também há espaço para jazz, MPB, trilhas sonoras e música renascentista.

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Arte na pele

<foto4>“Não sei quantas tatuagens tenho, mas, da última vez que contei, eram 30”, revela Gordinho, 32 anos, tatuador que tem um estúdio na Galeria do Rock. Ele diz que os temas dos desenhos que imprimiu na pele são variados. Suas preferidas são as de cartoons, como o personagem Roger Rabbit, mas também há dragão, caveira, tribais. Gordinho, que já foi office-boy, inspetor de seguros e arte-finalista, tatua há sete anos. Sua primeira cliente foi sua mãe, em quem desenhou uma rosa. Passou a tatuar amigos em casa e montou seu próprio estúdio. Está na Galeria há três anos. “Já tive estúdio em bairro, mas a Galeria é o melhor ponto por ser uma referência”, diz ele. Quando fez a primeira tattoo - um cavalo alado nas costas -, ele tinha 19 anos. Depois de três anos resolveu imprimir mais dois desenhos na pele e não parou mais. “Tatuagem vicia. Depois que você perde o medo e faz a primeira, quer fazer sempre”, afirma ele. Mas diz que hoje em dia está meio “bundão” para “tomar agulhadas”.

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De Abba a ZZ Top

<foto2>A Baratos Afins foi a pioneira na Galeria do Rock, quando o número 62 da Rua 24 de maio nem sonhava em ser a Meca dos amantes de música. O edifício de sete andares era um centro de compras variado, com oficinas de TVs, salões de cabelereiros, boates e nenhuma loja de discos até a abertura da Baratos Afins. “Eu era farmacêutico, não ligava para dinheiro, tudo o que eu ganhava gastava com discos. Mas, quando minha filha nasceu, há 22 anos, precisei ganhar mais e tive a idéia de vender os discos. Foi quando tudo começou”, conta Luis Calanca, proprietário da loja. “No começo éramos perseguidos pela segurança, pois tocávamos música e eles diziam que era alta demais. Além disso, havia o estigma do roqueiro cabeludo que era considerado um marginal.”