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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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McCartiano à flor da pele

A paixão começou em 1965 quando "Help" chegou aos cinemas. "Já ouvia os Beatles na rádio, mas era pequeno e não dava muita bola. Quando saiu o filme tinha uns 11 anos e pedi pra minha irmã me levar", lembra João Rico. A partir daí, o dinheiro da escola ficava para os discos dos Beatles e também do Roberto Carlos - mas só na fase dos anos 60. Da escola veio mais estímulo. "Uma menina pediu para que a direção do Colégio João XXIII, onde eu estudava, deixasse tocar músicas durante o recreio. Quando a música terminasse era hora de entrar pra aula. Não era só Beatles, mas tocava muito! Nessa época eu estava nas 3a e 4a séries colegiais".

Essa beatlemania de João acabou tomando forma de fã clube. Em 22 de março de 1997 a loja Magical Mystery Club – The Beatles Fan Club foi inaugurada na Galeria do Rock. "Não tinha outro lugar pra gente montar a loja – sede do fã-clube que tem hoje quase 700 cadastrados. Tinha que ser aqui, que é o centro das lojas de rock. Mas eu sou só um colaborador, trabalho na loja porque os dois donos - Gilson e Adilson Quináglia - trabalham em outros lugares", explica. João não é exatamente só um colaborador, ele foi também o idealizador do fã-clube. A amizade de João e Gilson Quináglia começou, por volta de 1984, durante as visitas que os dois faziam a uma loja da Galeria que já não existe mais. "O rapaz trabalhava com rock pesado, mas era beatlemaníaco. Quando a gente aparecia, geralmente na hora do almoço, ele sempre tocava alguma coisa dos Beatles ou passava filmes deles porque sabia que a gente também gostava". A Magical Mistery Club procura atender o colecionador, e consumidores eventuais. Um tapete bordado e uma toalha estampada com a imagem da banda são alguns dos artigos exclusivos na loja. "Já sabemos pra quem passar. Temos clientes que já gastaram num mês aqui R$ 2 mil", revela. Quando fala das suas preferências, João é taxativo: Paul McCartney sempre foi seu predileto. "Em geral, as pessoas preferem o John. Mas sou mais Paul pela personalidade, pelo estilo. Ele era mais romântico, ficava mais com o público, gostava mais de dar entrevistas. O Lennon era mais sarcástico". Paul também foi o único que João viu ao vivo quando o astro visitou o Brasil. Ele tem uma concepção muito particular sobre a irreverência que a banda apresenta no filme "A hard day's night" que atualmente está em cartaz nos cinemas brasileiros com o nome "Os Reis do Iê-Iê-Iê". "Na minha opinião, eles tinham medo daquilo tudo. O clima descontraído, as brincadeiras que mostram no filme - e que realmente era como eles se comportavam -, era a aparência que eles procuravam manter para esconder o medo de toda aquela histeria do mundo que se formou em volta deles." Mas ele não acha certo repetir, como muitos já fizeram, a frase supostamente falada por Lennon de que os Beatles eram tão conhecidos quanto Jesus Cristo. "O que ele disse foi que naquela conjuntura, os Beatles eram tão famosos quanto Jesus Cristo foi na época dele. Foi uma maldade mudar o sentido. Quem pegou a frase tirou ela do contexto. Por causa disso, a banda achava até que corria risco de vida, com tanto fanático religioso solto por aí. Mesmo assim muitos exploraram isso para vender mais." A devoção das pessoas vai realmente longe. João mesmo afirma que não mudaria nada neles. “Eu e minha esposa - que á George e Paul maníaca - sempre dizemos que só temos a agradecer aos Beatles por ter podido ouvir as músicas deles. Muitas vezes elas eram o alento para as pessoas que estivessem sofrendo. Porque as músicas falavam só de amor." (17/02/2001) Serviço:
Magical Mystery Club – The Beatles Fan Club
Horário: de segunda a sexta, das 9h às 20h; sábado, das 9h às 17h
Loja 416/418 na Galeria do Rock (Rua 24 de Maio, 62), tel.: 3337-8492
www.magical.com.br

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