Tubérculo sonoro

Se eu disser “música celta”, você pensa naqueles grupos nórdicos que se vestem com roupas medievais? E a expressão “música de raiz” lembra a cultura do interior do Brasil? Então é melhor você rever seus conceitos. O grupo Nhame considera “música de raiz” qualquer sonoridade que represente a tradição de algum povo – inclusive o estilo celta, com o qual os integrantes se identificam bastante. (Aliás, foi a decisão de fazer “música de raiz” que levou os membros a se decidirem pelo nome.)
O Nhame é formado por quatro músicos – Ricardo Dias (bandolim), Mauricio Takeda (violino e violão), Teco Nicolai (violino e violão) e Mauro Domenech (contrabaixo). Os três últimos fazem parte da Orquestra Sinfônica Municipal e têm livre acesso às salas do Teatro Municipal. É lá que acontecem os ensaios. “O Mauricio foi quem me convidou para participar em 2002, quando me viu tocar na banda de blue grass Coice de Mula”, lembra Ricardo. De cara, ele percebeu a diferença entre tocar com músicos que estão acostumadas ao “esquema” popular e com aqueles que têm um background erudito. “Estes têm mais disciplina, cada um é responsável por praticar sua parte em casa, o que reduz bastante o número de ensaios. Só nos reunimos de novo antes de cada apresentação.”
Ricardo começou a aprender música com 13 anos, na guitarra, instrumento que estudou durante dez anos. Sua maior influência era Dave Murray, da banda de heavy metal Iron Maiden. “Quando cheguei aos 20 e poucos anos, comecei a me interessar por outros tipos de som, como blue grass. Queria aprender violino, mas me achava velho para pegar o jeito. Aí resolvi mudar para o bandolim, que tem a mesma afinação do violino.”
Segundo Ricardo, seu primeiro ensaio no Municipal foi “uma emoção”. “Pude conhecer os bastidores de um patrimônio.” Ele já ouviu as histórias de fantasmas que vagam pelo Teatro Municipal. “Dizem que tem um ex-faxineiro do local que fica por aqui, mas nunca vi nada.”
No fim de julho, ele teve o prazer de fazer uma apresentação pela primeira vez no palco do teatro, que, por sinal, estava cheio. “Pelos aplausos e o número de pessoas aguardando lá fora para conversar e cumprimentar, acredito que fizemos uma boa performance. Ficamos mais ansiosos na passagem de som, pois gostamos de deixar tudo o mais próximo do perfeito.” E o frio na barriga? “Por fazer parte da Orquestra Municipal de São Paulo, os outros músicos já estavam acostumados a tocar neste teatro. Para mim, foi um momento inesquecível.” (08/09/2005)
Serviço
Para os interessados em conferir o trabalho do Nhame, há uma comunidade do grupo no Orkut. Shows devem ser agendados com Mauricio Takeda, no tel. 8268-8383.