Streets of Philadelphia*

Por Ivy Farias Não foi no filme nem na canção em que pensei quando cheguei à Filadélfia, no Estado da Pensylvania: fiquei surpresa quando encontrei uma Chinatown, um bairro oriental, perto da rodoviária. Mas aos poucos fui entendendo que o forte da cidade não era bem os chineses… A Filadélfia é uma cidade grande, de negócios, mas é no centro que está a parte que me atraiu até aqui, a história. Sim, foi na Filadélfia, ou Philly, para os íntimos, que o primeiro banco da América foi fundado, que se tornou forte o movimento da independência e a América nasceu. Se for para falar de tudo o que aqui aconteceu, você, caro internauta, não sairá mais da frente do computador. Porém sugiro refazer comigo o meu passeio pelas ruas da cidade. O primeiro ponto é o City Hall, o centro administrativo. Além de antigo (data de 1871), podemos passear por ele e procurar a estátua de Willian Penn, o fundador do Estado da Pensylvania. Com um pouco de atenção, conseguimos avistá-lo no alto do prédio. Dali, vamos aproveitar a proximidade e ir ao Centro de Informações Quaker. Calma, não é bem isso que você está pensando! Não estamos indo comer aveia, e sim saber dos Quakers, o nome simplificado de Sociedade Religiosa de Amigos, um grupo de homens e mulheres que acreditam que Deus está em cada um de nós, dispensando assim a ajuda de “intermediários”. Os Quakers são conhecidos mundo afora pelo seu pacifismo e por não terem os famosos dogmas, sendo mais um estilo de vida do que religião. Pelas gravuras, dá para perceber que os Quakers de antigamente realmente se vestiam como o velhinho da caixa de aveia. Então, se você pensou nisso, não foi tão errado assim. Está na hora de andar alguns blocos na Market Street e encontrar os pontos históricos todos pertinhos uns dos outros. A primeira parada é a Declaration House, casa onde Thomas Jefferson fez o primeiro rascunho da Declaração da Independência. Vamos atravessar a rua e ir ao Liberty Bell Pavilion, onde está o sino que cruzou os Estados Unidos anunciando o fim da escravidão. E, já que estamos aqui, vamos logo ao Independence Hall, onde a Declaração da Independência foi assinada pelos grandes personagens da história americana. Hora do lanche, que hora tão feliz: agora vamos comer um Philly Cheese Steak, o sanduíche mais famoso da Filadélfia – que tem queijo derretido com pedaços de carne no pão quentinho. Uma delícia, porém, de queimar a língua. E vamos continuar o nosso tour, agora, pela Arch Street. Não podemos deixar de ver o tumulto na frente do túmulo de Benjamin Franklin, que além de descobrir a eletricidade, assinou a Declaração da Independência, foi embaixador dos EEUU na França, impressor, empresário… No lugar onde seus restos mortais tentam descansar em paz, perturbados pelos turistas, há centenas de moedinhas, que o povo atira como se atirasse numa fonte dos desejos. Não, ele não é nenhum santo milagroso, mas se acredita que traga boa sorte atirar um penny (moeda de um centavo) em sua tumba. Ninguém sabe como nem quando isso começou, mas reza a lenda que uma noiva atirou a primeira moeda. Os historiadores acreditam que ela fez isso devido à famosa frase de Franklin, “a penny safed is a penny earned” (um centavo salvo é um centavo ganho). E quem nunca atirou a primeira moedinha? Vamos atirar a nossa, afinal, todas elas são usadas para preservar o cemitério. Essa caminhada toda foi uma canseira e só temos fôlego para ir à casa da Betsy Ross. Quem? Ela costurou a primeira bandeira americana, o que a transformou na primeira designer da América! Na casa dela vemos que a bandeira original era uma estrela e uma faixa para cada Estado e que, no início, eram apenas 13. Ficou faltando muita coisa, meu caro internauta. O Centro Nacional da Constituição, a casa onde o escritor Edgar Allan Poe viveu, e por aí vai… Quem sabe você não se anima para um dia andar pessoalmente pelas ruas da Philadelphia? (03/03/2005) * Ruas da Philadelphia, nome de uma canção que ficou famosa na interpretação de Bruce Springsteen