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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

As sementes da Maçã

Por Ivy Farias, de Nova York Quando alguma coisa acontece no meu coração, não é no shopping que eu vou matar as saudades (embora os malls daqui sejam igualzinhos aos shoppings daí). Como cruzar a Ipiranga e a São João está fora de cogitação, procuro ir ao Lower Manhattan devido a sua semelhança com o centro de Sampa. Geograficamente, o Lower Manhattan não tem nada de centro. Centro mesmo é Midtown Manhattan, onde estão o Central Park, a Quinta Avenida e o Rockfeller Center entre outras atrações turísticas. Porém, foi em Lower Manhattan que a cidade começou, tal e qual São Paulo. Foi aqui que os holandeses chegaram e deram o nome de Nova Amsterdã. Aos poucos, vieram os judeus de Recife e depois os ingleses, que mudaram o nome para Nova York. O City Hall, prédio da prefeitura, mostra na fachada a transição dos nomes da cidade. E no City Hall também está a loja da prefeitura de Nova York, que vende souvenirs típicos da Big Apple como esquilos de pelúcia, miniaturas dos táxis amarelos e livros de história e fotografia. A maior semelhança de todas entre os dois "centros" para mim são os prédios da justiça municipal, estadual e federal. Na hora do almoço, muitos advogados aproveitam para comer cachorro quente, assim como na praça da Sé. E além dos profissionais da justiça estão também os do dinheiro: sim, é em Lower Manhattan que está a Wall Street, o maior centro financeiro do mundo. Wall Street tem esse nome por causa do muro que protegia a cidade dos índios, os primeiros moradores da ilha de Manhattan. E claro, a St. Paul Chapel, que de nada lembra a majestosa Catedral da Sé (é pequena e tem um cemitério antigo no jardim), mas é a igreja mais antiga de Nova York e que testemunhou os grandes eventos da cidade, como a nossa catedral. O mais recente foi o ataque terrorista ao vizinho World Trade Center e a capela não se fez de rogada: serviu de base para as operações de resgate e socorro às vítimas. Lower Manhattan não é muito grande, consegue se ver tudo a pé. Da Centre Street tem se uma privilegiada vista da ponte do Brooklyn; andando em sentido sul encontra-se as pombas - famosas em São Paulo - e os esquilos (esses só existem aqui!) brincando nos canteiros e o búfalo de bronze, símbolo do centro financeiro que está mais perto da Lady Liberty do que Wall Street. Sim, a Estátua da Liberdade fica ali, no cantinho da ilha. As semelhanças entre minhas duas metrópoles queridas acabam por aqui: enquanto o centro de São Paulo se expande para os bairros, Nova York se expande para o mar (Staten Island, Brooklyn, Bronx e Queens também são ilhas, todas ligadas por pontes). Ver o mar tão perto de lugares históricos é um prazer. Essa é uma das vantagens de se morar na ilha.

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