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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Nós - e SP - somos jovens

Os jornalistas Luciano Delion e Pedro Cavalcanti mergulharam nas crônicas do início do século 20 para retratar uma cidade na puberdade. A viagem em “São Paulo - A Juventude do Centro” começa na Proclamação da República, em 1889, e vai até as comemorações do Quarto Centenário, em 1954. Dividido em cinco partes, reúne desde as histórias que Cavalcanti ouvia de seu pai até alguns bastidores da política da época. “Mas sempre partindo da perspectiva das memórias das pessoas”, ressalta Delion. O livro adota, desde o início, um tom contista, como um álbum de família, em que a virada de cada página traz à lembrança um antigo “causo”, uma historieta já quase esquecida. “É um mundo de fragmentos que abarca desde cronistas como Oswald de Andrade e Jorge Americano, que deixaram muita coisa escrita. Há um texto deste último em que ele comenta um passeio pelas lojas do Centro, descrevendo todo o tipo de comércio, as pessoas... O material que tínhamos em mãos era tão rico que nos possibilitou privilegiar o que as pessoas viram, sentiram, contaram”, continua Delion. O jornalista conta que, como repórter, sempre “andou pelo Centro”. “Mas era diferente. Há detalhes que você não percebe.” Foi para falar sobre esses microtesouros da cidade em formação que ele se juntou a Cavalcanti. “A cidade estava saindo da taipa e entrando na fase da construção com tijolo. Tudo estava em transformação.” As mudanças ficaram bem claras quatro dias após a Proclamação da República, quando as ruas da região começaram a ter seus nomes mudados: de Imperador para Marechal Deodoro; de Imperatriz para 15 de Novembro; de Princesa para Benjamin Constant; de São José para Líbero Badaró; e por aí vai. “Uma emenda do vereador Corrêa de Moraes sugeriu que o largo Sete de Abril, a antiga praça do Curro, onde se realizavam touradas, passasse a ser conhecido como Praça da República”, descreve o livro. O texto, leve e cheio de detalhes saborosos, nos leva a ir adiante na história, com a chegada da iluminação a gás, dos bondes elétricos, até os primeiros carros - que logo causariam o primeiro congestionamento na inauguração do Teatro Municipal - e a propaganda. “As ambições desse centro cosmopolita, que abraça os imigrantes, vai até 1954, quando ele dá lugar à juventude das outras regiões da cidade e passa a entrar em declínio. O Centro teve sua imagem arranhada após essa data, mas agora, com a volta das atividades administrativas e a ocupação dos artistas, o Centro pode ser o que tem capacidade para ser: a identidade de São Paulo”, finaliza Delion. (19/12/2004) Serviço:
São Paulo - A Juventude do Centro
Autores: Pedro Cavalcanti e Luciano Delion
Editora: Grifo/Unilever
Quanto: R$ 80 (preço sugerido); 200 págs.

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