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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

O pecado mora ao lado

Entre um camelô e um cine pornô, há muito o que se descobrir na já tão desgastada Ipiranga com a São João. Cantada em versos infames por Caetano Veloso, citada como uma das esquinas mais famosas de São Paulo, palco de festa no Ano Novo e passarela de gente que nem olha para o lado no burburinho do dia-a-dia, ela continua ali, guardando pérolas como a Casa da Mortadela. Aberto há 25 anos, esse misto de boteco com lanchonete recebe gente que procura seus sanduíches desde as oito da manhã, quando a disputa pelo pouco espaço próximo ao balcão já começa a ficar acirrada. Em poucos metros quadrados, são preparadas verdadeiras delícias com o embutido feito de 70% de carne bovina e o restante de carne de porco. Pistache, azeitona, picles... “Os temperos são os diferenciais”, diz Irineu Stabile, filho do fundador. “Meu pai fabricava mortadela na Itália, antes de vir com a família para o Brasil. Quando ele chegou aqui, achou que estava faltando um lugar para comer sanduíches bons e populares”, conta Irineu. “Não existe nada mais popular do que mortadela.” Se for medir pelo movimento da casa, ele deve ter mesmo razão. Todos os dias, são utilizados cerca de 45 quilos de mortadela para fazer sanduíches como o de mussarela com vinagrete, um dos mais vendidos, a R$ 3,50. E o cheese salada? “Esse é ainda mais simples de fazer, não tem mistério”, diz Irineu, com seu jeito de falar meio cantarolando. “No lugar do hambúrguer, é só cortar umas fatias de uma boa mortadela, biribibi, borobobó, e já se tem um lindo lanche.” Sentar em um dos banquinhos altos à beira do balcão em pleno Centro da cidade é um prazer único. Na Casa da Mortadela, esse prazer vai se multiplicando na medida em que vão chegando os clientes. Da Galeria do Rock, dos camelôs, dos cines pornôs, ou alguém que estava passando pela rua e resolveu beliscar alguma coisa. “Esse suco aí é de pozinho?”, pergunta um. “Imagine. Aqui só tem suco natural”, responde Irineu, enquanto espreme algumas laranjas e, no maior clima de quintal da tia, oferece um vinho tinto da casa. Anote aí: qualquer coisa que você pedir será boa. Agora, se ficar em dúvida do que beber, fica a dica. Uma das receitas de maior sucesso é feita com Caracu batida com aveia, ovo, amendoim e pó de guaraná. Rende dois copos e custa R$ 4. Experimente também a mistura de pó de guaraná, amendoim, paçoca, rapadura e aveia, a R$ 2,50. Quem não quer sair de forma pode pedir mortadela light, que leva só carne bovina. Mas, pensando bem, alguém aqui está preocupado com isso? (28/09/04) Serviço:
Casa da Mortadela
Av. São João, 633, tel. 223-9787.
Seg. a sáb., das 8h às 23h30. Dom. e feriados, das 11h às 21h.

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