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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Esqueça o Domingo na Paulista

Alguém me elucida? Por que a Paulista e, agora, a Sumaré? Concordo que o governo tenha de dar circo para o povo. Nem é preciso entrar nesse mérito. Mas fechar duas das mais importantes avenidas da cidade é realmente a única alternativa? Não, é a pior. E pra não ficar aqui criticando ao léu, rebato todos os argumentos favoráveis aos “domingos nas avenidas” com uma única contraproposta: o Centro. Domingo era o único dia que não precisávamos reclamar do trânsito. Era. Atenção: este não é argumento de pequeno burguês, mas sim de quem trabalha de fim de semana, em um local onde o metrô não chega. Por isso, ônibus ou carro são as únicas alternativas. Ah, não pela Paulista nem pela Sumaré, claro. Em vez de favorecer uma parte da população (o povo a fim de se divertir) em detrimento de outra (usuários de ônibus ou carro), a prefeitura deveria escolher um outro lugar pra montar o picadeiro. Os quilométricos calçadões do Centro, por exemplo. Lá, não se atrapalharia ninguém. Nem os motoristas de ambulância, que sofrem cada vez que têm de alcançar seus hospitais na região da Paulista aos domingos. Lá, as linhas de metrô e ônibus tornam o acesso mais fácil do que em qualquer outra parte da cidade. Lá, já está tudo pronto, só falta gente. A Paulista não precisa de mais gente, nem aos fins de semana. O Centro, além dos principais pontos turísticos da cidade, tem centros culturais – como o da Caixa – aberto até às 21h no domingo. Exposições de graça (CCBB) ou quase (Pátio do Colégio). Tem igrejas, lanchonetes, galerias, teatros... e agora tem o Mercadão mais cool do país. Mesmo ainda não finalizado, o Mercado Municipal atraiu multidões depois de matérias na mídia mostrando seus vitrais limpinhos, teto restaurado, chão brilhando. Frutas exóticas, temperos de países distantes, queijos cheirosos, pastéis de bacalhau, sanduíches de mortadela... Está tudo lá, a poucos passos do metrô, prontinho pra ser consumido. Sem atrapalhar a vida de ninguém. Muito pelo contrário – incentivando o turismo em uma região que realmente precisa dele. Falta agora descobrir os outros atrativos do Centro (há vários nas páginas do Sampacentro...) e deixar as avenidas em paz, no único dia que lhes é possível ter alguma. Fica aqui a campanha pelo “Domingo no Centro” ou melhor, pelo “Fim de Semana inteiro no Centro”. O Sampacentro garante boas surpresas, como a que tivemos no Mercadão sábado passado: um grupo de cantores italianos que veio de Jundiaí para passear, mas, entre uma barraca e outra, resolveu animar o local. “Sou comerciante, ele é empresário e os outros dois já estão aposentados, mas nos fins de semana nos reunimos para cantar em festas típicas por todo o Estado”, explica Santo Chinelatto. Há dois anos juntos, os integrantes do “I Cantanti D’Italia” são todos descendentes, com exceção de Antonio Perella, que é italiano nato. Quem subiu para conhecer o recém-inaugurado mezzanino do Mercadão se surpreendeu com o quarteto, que munido de uma sanfona, coletes verdes e quatro vozeirões, soltou: “Italiaaaaaaaaaaaana!” (20/09/2004) Por Mariana Della Barba

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