Quase gringo bem-humorado

Ele é alto, magro, loiro de olhos azuis e se chama Hans Taggesell. Jamais alguém vai olhar para ele e dizer que ele é brasileiro. Apesar da ascendência alemã, ele nasceu em solo tupiniquim, e seu bom humor denuncia isso. “Na feira da República, os artesãos vêem um branquelo aguado como eu e cobram o dobro do preço”, brinca ele, referindo-se ao fato das pessoas sempre acharem que ele é estrangeiro.
Hans sempre esteve pelo Centro. Já morou em diversos locais da região, inclusive no Copan. “Foi uma época muito gostosa porque era a passagem da minha infância para a adolescência”, recorda-se.
Seu primeiro emprego também foi por ali, na Folha de São Paulo. “Naquela época, a rua Barão de Limeira, onde fica o jornal, era cheia de prostíbulos. Era um em cada portinha. Agora aquela região melhorou bastante”, comenta. “Não que eu tenha medo ou preconceito, mas é que os prostíbulos denigrem bastante a região, né?”
Mas Hans não quis saber de ficar só pelo Centro de São Paulo. Resolveu desbravar outros “centros” e, em 1993 embarcou para Nova York para passar as férias com a mãe, que trabalhava em como governanta havia sete anos na Big Apple. “Quando eu vi a cidade, não quis mais voltar. Passei três anos lá só estudando inglês, porque não tive oportunidade de trabalhar.”
A chance de colocar a mão na massa em outro país surgiu em 1996, quando ele e a mãe foram para Liverpool. “Não gostei de lá. A gente foi assaltado umas seis vezes pelos filhos dos vizinhos, uns moleques muito vândalos”, lembra ele, que ainda agüentou firme durante dois anos e meio.
Voltou para o Brasil com o inglês afiado, e novamente lá foi ele para o Centro de São Paulo dar aulas de inglês na rua São Bento. Depois, trabalhou num escritório de advocacia e há um ano está na recepção do Hotel Nacional Inn, que fica na avenida Cásper Líbero, quase em frente ao Viaduto Santa Ifigênia.
A experiência é positiva para ele, que atualmente Hans cursa o Técnico de turismo no Senac e quer fazer faculdade na área. “Minha esposa faz faculdade de turismo na Anhembi Morumbi. Quando ela terminar, teremos condições de pagar meus estudos”, conclui. (20/06/2004)