Siga o reggae

Quem pára no 8º andar do 641 da 25 de Março dá de cara com camisetas coloridas - em tons predominantemente vermelho, verde, amarelo e preto - penduradas do teto ao chão do corredor de entrada da loja, bem em frente aos elevadores. O reggae toma conta do lugar. Ali fica a Delfa, loja que, além de vender artigos inspirados neste estilo, dedica seu espaço ao rock e à capoeira.
Entrando na loja, o visitante pode conferir colares, camisetas de banda, pingentes diversos, bottoms, vídeos e CDs. No teto, dois grafites homenageiam Bob Marley. E no balcão, no fundo da loja, está Rasta-Dija, como é mais conhecido Djalma Pereira dos Santos, proprietário do local.
Rasta-Dija recebe cada pessoa que chega à loja com uma simpatia ímpar, tratando todos por "irmão". "O reggae e o rastafári nos ensinam que somos todos irmãos e devemos nos respeitar, independentemente de raça ou sexo", justifica ele, que se parece um pouco com Milton Nascimento. (Em 2000, quando foi assistir a um show do cantor no Parque do Ibirapuera, Dija virou até tema de reportagem devido à semelhança. "Como eu estava perto do palco, os repórteres me perguntaram se eu era irmão do Milton", ri.)
A Delfa nasceu de um sonho simples de Rasta-Dija: queria ser feliz. "Eu tinha uma imobiliária, ganhava muito dinheiro, mas vivia estressado", lembra. Então veio a idéia de mudar de ramo, e ele passou a comercializar bijuterias, em 1992. "Mas as pessoas me copiavam, e eu ficava irritado. E eu tinha mudado justamente para não me irritar."
Começou a pensar em mudar novamente, mas ainda não tinha um rumo certo. Em 94 rodou o Brasil com a banda de reggae Tribo de Jah, divulgando a Delfa, e passou a ter mais contato com este estilo. Em 95, depois de quase morrer afogado na praia das Astúrias, no Guarujá (litoral de São Paulo), ele decidiu se dedicar totalmente ao reggae e "buscar o novo".
"Um tempo depois desse acidente, recebi de um amigo meu, guitarrista da banda Boom Shaka, de Brasília, um documento sobre o rastafarismo. Com a ajuda da jornalista Renata Mikei e de outros colaboradores, o documento foi traduzido e virou um livro chamado 'Deus, a Bíblia e o Destino do Homem Negro'", conta Rasta-Dija. "Assumir o reggae foi uma maneira de assumir também minha negritude", acredita.
Perguntado sobre o que as pessoas mais procuram em sua loja, ele dispara, sem dúvidas. "A felicidade, irmão. As pessoas procuram a felicidade", pontua com um sorriso enorme. Com o atendimento "braços abertos" prestado por ele e por seus funcionários e um clima pra lá de agradável, com alegria e boa música, é bem capaz que as pessoas passem lá realmente encontrem felicidade. Pelo menos por alguns instantes. (02/05/2004)
Serviço:
Delfa Reggae
Rua 25 de Março, 641, 8º andar
Tel. 227-8303
www.delfareggae.com.br
Próximo ao Metrô São Bento