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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 24.02 ºC, São Paulo

Do tempo de colônia

por Renata Valério de Mesquita

Sem intenção de provocar paulistanos para uma daquelas constantes picuinhas com cariocas, o Centro do Rio de Janeiro não fica devendo em nada ao de São Paulo. Nem na beleza, nem na importância, nem no tumulto e, infelizmente, nem na sujeira. Só falta mesmo para o Centro do Rio um similar do Sampacentro. Mas um Triângulo eles têm, que em vez de ruas é formado pela Biblioteca Nacional, o Teatro Municipal e o Museu Nacional de Belas Artes. Um quase em frente ao outro, o trio só ficou completo em 1937 quando o Museu foi aberto no prédio que abrigava a Escola Nacional de Belas Artes. A Biblioteca, em compensação, foi inaugurada em 1810 pelo próprio D. João VI. Tudo ali é uma preciosidade. Principalmente os andares de arquivo com pisos de vidro, que na época serviam para reforçar a iluminação interna, e uma das salas especiais que mantém móveis das origens da instituição. A burocracia para ter acesso aos itens mais interessantes não é pouca – mais uma herança mantida dos tempos de colônia –, mas, em parte, necessária para conseguir preservar as raridades que ali estão entre as cerca de 18 milhões de obras. Não dá para ser muito exato quanto a este número porque, por mês, a Biblioteca recebe de cinco a seis mil publicações, já que, por lei, todas as editoras devem mandar para lá um exemplar de tudo que for por elas publicado no País. No Teatro o que mais chama a atenção é seu tamanho, merecendo o título de maior da América Latina em capacidade de público – 2170 lugares –, e glamour, como devia ser o primeiro teatro do Brasil que queria entrar no circuito internacional na primeira década de 1900. Mármore de Carrara e corrimão alemão no hall principal, vitrais italianos em homenagem à musica, o teatro e a dança, além do sistema inglês de cabos de ferro para gerenciar as mudanças de cenário até hoje conservam todo seu charme. Para completar toda a pompa da Avenida Rio Branco, que reúne esses pontos históricos, está a Igreja da Candelária, provavelmente a mais bonita da cidade – roubando a atenção normalmente dirigida à Catedral, que neste caso é mais recente, com arquitetura contemporânea e gosto duvidoso. Para deixar a avenida e entrar no calçadão do Centro é melhor contar com um bom guia ou uma bússola. As ruelas mais parecem um labirinto... quem sabe para tentar segurar o visitante o máximo possível nessa viagem pelo tempo. (18/04/2004) Serviço:
Biblioteca Nacional, Teatro Municipal e Museu Nacional de Belas Artes
Altura do número 199 da Avenida Rio Branco
Em frente à Estação Candelária do metrô
Visitas guiadas durante todo o dia
O Museu fecha às segundas-feiras

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