Pernil e futebol

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!! São seis horas da tarde de domingo e o que mais interessa é o gol do Palmeiras, que acaba de empatar o jogo contra o Paulista de Jundiaí, aos 49 minutos do segundo tempo. A torcida se empolga, o placar marca 3X3 e, durante alguns minutos, os palmeirenses se esquecem de seus sanduíches e cervejas para sonhar com a final do Campeonato Paulista, marcada para daqui a alguns dias. Pausa de alguns minutos antes de começar o duelo de pênaltis. Mordidas nos sanduíches e longos goles em loiras geladas.
“Viemos de Santo Amaro só para comer aqui”, diz o casal Alcides e Van, devorando dois exemplares do sanduíche de pernil mais famoso da cidade. Os dois explicam que tinham ido almoçar em um restaurante mineiro algumas horas antes, mas não resistiram. “Apesar de trabalhar na noite, não conheço outro sanduíche como esse”, diz Alcides. Pudera: o pernil do bar Estadão, que fica na esquina do viaduto Nove de Julho com a rua Major Quedinho, atrai gente dos quatro cantos da cidade durante dias e também madrugadas, já que o funcionamento é 24 horas.
O gerente Ronnem Dias, que trabalha no local há dez anos, explica o motivo de tanto sucesso: “As peças são bem escolhidas – têm carne tenra e pouca gordura. Além disso, são assadas em fogo brando de forma que o interior e o exterior ficam no mesmo ponto.” No Estadão, são vendidos em média 700 sanduíches de pernil diariamente. A versão tradicional – e mais pedida – leva cebola, tomate e pimentão e sai por R$ 4. Mas há opções com queijo (R$ 5,50) e provolone (R$ 6), todas no pão francês. Quem quer diversificar pode escolher entre o beirute (R$ 7,50) e a salada de batatas ou legumes (R$ 6,50).
Fundado em 1968, o bar foi batizado assim por causa de um vizinho ilustre: a Redação do jornal O Estado de S. Paulo, que funcionou durante alguns anos no edifício ao lado – onde hoje está situado o charmoso Hotel Jaraguá. Trabalhando ali das 11h às 21h, Ronnem diz ter se habituado à rotina do bar, “por onde passam muitas figuras”. Mas quantos pernis são necessários para saciar tanta fome? “São 18 a 22 peças por dia”, responde o gerente. “O equivalente a 140 ou 160 quilos de carne.”
Seis e vinte da tarde. Mais uma vez, atenções desviadas. O Palmeiras precisaria de apenas mais um gol para sair vitorioso. O goleiro do time oposto, no entanto, agarra a bola – marcando a presença do Paulista de Jundiaí na final contra o São Caetano. Dia de campeonato é assim. Ainda bem que há os sanduíches para reconfortar. Fim de jogo. (04/04/2004)