Rua Direita x Rue Droite
Por Mariana Della Barba

Uma cidade que tem seu nome derivado da palavra Nike, a deusa grega da vitória, tinha mesmo de estar predestinada ao sucesso. Essa é Nice, talvez a mais bela das francesas, com seus hotéis finos e vielas charmosas vigiadas por um Mediterrâneo límpido e azulzíssimo. Azul cristalino.
Seu centro histórico é produto de influência greco-romana e medieval. Primeiro chegaram os gregos, duzentos anos antes de Cristo. Contruíram sua acrópole, protegeram a terra, construíram o início de uma civilização. Depois vieram os romanos. Ergueram um anfiteatro, um aqüeduto e ali viveram por três séculos, quando as invasões bárbaras começavam a corroer o império Romano. Depois disso, já no século XII, se desenvolve a Cidade Medieval, com seus reis e castelos no alto da colina.
O Centro de São Paulo nunca viu gregos, romanos nem reis medievais, mas guarda uma semelhança com o de Nice. Nas duas cidades, uma de suas primeiras ruas chamam-se Direita. A daqui todo mundo conhece: aquela que, junto com a São Bento e a 15 de Novembro, forma o triângulo onde nasceu São Paulo. A de Nice é um pouquinho mais estreita e, lógico, tem aquele charme francês.
Por todo seu tortuoso comprimento, predinhos de pedra com três ou quatro andares fazem sombra na Rue Droite, que é tradicional na cidade por reunir a maioria dos ateliês e galerias de arte de Nice. Lá, encontram-se quadros e objetos de arte para todos os gostos e bolsos. Muitos deles inspirados pela praia, a poucos metros dali, com seus seixos no lugar da areia e com um dos mares mais azuis do planeta. As gaivotas e as típicas cadeiras listadas também enfeitam o mar e entusiasmam os artistas.
Em meio às lojinhas de franceses mais tranqüilos que os de Paris, um majestoso exemplo do barroco francês, a Igreja de Saint Jacques Le Majeur (L’Eglise du Gesú), construída pelos padres da Companhia de Jesus no século XVII.
Mas a surpresa maior estava mesmo a alguns metros dali, na “pracinha de alimentação” da Rue Droite. Não nada de boulangerie vendendo croissants, mas sim uma típica churrascaria brasileira, i-gual-zi-nha às que temos ali nos arredores da nossa Rua Direita. (13/03/2004)