Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Nossa certidão de nascimento

Os subterrâneos do ponto de origem de São Paulo, atualmente não guardam mais os restos mortais dos jesuítas da época da formação da cidade, mas sim os documentos que marcam seu nascimento. Dentro de uma redoma de vidro, no centro da cripta do Páteo do Colégio estão as cartas escritas pelo Padre José de Anchieta para a Companhia de Jesus - órgão religioso responsável pela administração do trabalhado missionário católico.

O conteúdo delas descreve as ações para catequizar os índios e, o que é ainda mais interessante, muitos detalhes sobre como era essa "povoação de índios que se chama Piratininga", nas palavras do próprio Anchieta, quando da chegada dos jesuítas aqui. Mas, para entender isso, nada melhor que uma visita guiada! Já diante do pequeno portão de entrada a recepção é convidativa. João Batista Calsolari explica pra quem estiver perguntando ou passando que de meia em meia hora desce um grupo de 25 pessoas. E, enquanto se está esperando na fila, o tempo passa rápido com uma boa conversa. "Já fiz a visita. Aprendi coisas sobre os pormenores da vida naquela época. A gente vê na prática a 'rudeza' que eles enfrentaram quando chegaram aqui. Era tudo na base do 'a pé'. Pra um país que não tem memória, essa é um exposição e tanto", comenta ele. Mas essa viagem ao centro da história de São Paulo só está começando. Quando Seu João entrega a turma aos comandos de Celisa Beraldo - artista plástica e monitora nas horas nem tão vagas assim - os quadros, os sons e o vídeo que compõem a visita guiada vão se enchendo de significados. Para deixar o passeio tão envolvente, uma semana antes da exposição começar, Celisa e os outros monitores receberam material do Páteo e do curador Marcos Moraes sobre esse período da história e seus personagens. Cada um, então, preparou seu texto. "Serve de base, mas nunca sai igual. Mesmo porque, dependendo do público eu mudo um pouco a linguagem. Afinal, as crianças não imaginam que teve uma época em que não existia nem estrada", comenta. Este "roteiro" criado por ela, aliás, é um texto inacabado. "Por causa das missas na igreja de Anchieta vem muitos religiosos e jesuítas da ordem que sabem muito mais detalhes que a gente. E o que eles nos contam depois passamos para as próximas turmas", conta Celisa. Uma lição de que, mais que um lugar estratégico ou fértil - motivos pelos quais Anchieta e cia. estabeleceram-se aqui -, são as pessoas que fazem a diferença nesta cidade. (14/02/2004) Serviço:
Exposição Cartas de Anchieta
De 25 de janeiro a 25 de junho, das 9h30 às 16h30, sempre com acompanhamento de monitor
Cripta do Páteo do Colégio
EXTRA! EXTRA! Na saída todos ganham um livro com a tradução de algumas cartas de Anchieta

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending