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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Segredos do subsolo de uma Catedral

Se você acordar cedo, pode ouvir o Hino Nacional de uma maneira bem inusitada: tocado pelos sinos da Catedral da Sé, diariamente, às 8h em ponto. De hora em hora, são executadas músicas brasileiras, como "Asa Branca", de Luiz Gonzaga, e às 12h e às 18h é a vez do carrilhão. Isso é apenas um dos mais diversos segredos que uma visita guiada à Catedral apresenta. "Muitas pessoas nem sabem que essa monitoria existe, nem mesmo os paulistanos", conta a funcionária Vera, que atualmente é a responsável pelo passeio guiado. Os grupos são sempre pequenos e saem sem hora fixa, logo após terem sido formados. Na visita feita pelo Sampacentro, um paulistano confirmou a opinião de Vera. Trabalhando no Centro e passando todos os dias em frente à Catedral, ele somente descobriu a visita através de uma amiga que viu uma reportagem feita por uma emissora de televisão de Campinas. Por R$ 3, pagos na secretaria, ganha-se uma verdadeira aula de história. O tour começa na nave central, com uma minuciosa explicação sobre o altar principal, o estilo e o início da construção da Catedral da Sé, que mesmo tendo sido começada em 1912, só foi entregue à população em 1954, devido ao turbulente período de duas guerras mundiais e à falta de dinheiro. O primeiro arcebispo da Catedral, Dom Duarte Leopoldo Silva, empenhou quase toda a fortuna de sua família na construção da igreja, mas não viveu o suficiente para ver a inauguração, que foi feita por Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, no aniversário de Quarto Centenário de São Paulo. Mas a demora não atrapalhou a suntuosidade da igreja, que se quantifica, por exemplo, nas três toneladas de madeira das portas da entrada principal e nos 10 mil tubos do órgão, o maior da América do Sul, que atualmente está desativado à espera de manutenção de suas peças. Setenta artistas italianos, franceses e húngaros foram chamados para decorar o interior da Catedral. O resultado são mais de 112 estátuas, 30 vitrais e os mosaicos laterais. Ao todo, a Catedral tem 111 metros de comprimento, 46 metros de largura e 65 metros de altura até a cúpula. Mas seu maior espetáculo está nos detalhes. Há que se olhar com cuidado para as colunas para encontrar tatus, tucanos, lagartos, garças e sapos-bois, circundados por trigo, cacau e uvas, que representam a riqueza vegetal e animal do Brasil. O toque brasileiro na produção dessa Catedral, em que tanto foi trazido do exterior, está nas gravações em madeira dos confessionários, feitas pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. E as cores da bandeira nacional estão ao lado de imensos anjos no altar da Capela do Santíssimo Sacramento. O passeio com Vera também revela os dois padroeiros da igreja: Nossa Senhora da Assunção, homenageada em altares e mosaicos por toda a nave central, e São Paulo, com a espada que simboliza seu dom da palavra e representações de suas viagens do Ocidente ao Oriente para pregar a palavra de Deus. A visita também é o único jeito de ter acesso à cripta da Catedral, fechada após pichações e vandalismos em seu interior. Terminada em 1919, o local abriga os restos mortais de bispos, arcebispos, do Regente Feijó e do primeiro cidadão de Piratininga, na época da fundação de São Paulo, o índio cacique Tibiriçá, que foi catequisado pelos jesuítas aos 80 anos de idade. Caminhando pelos 617 metros da cripta, descobre-se uma porta. Passagem secreta? A lenda diz que ela ligava a Catedral da Sé ao Mosteiro de São Bento pelo subsolo, mas é apenas uma entrada de ar para ventilar a cripta. Tem muito mais ainda a ser descoberto nas minúcias de uma Catedral que tem apenas 50 anos de criação. Olhe com cuidado e seja curioso, que a Vera responde! (11/01/2004) Serviço:
Visita monitorada à Catedral da Sé: das 9h às 16h30, sem hora marcada. Preço: R$ 3. Tel. para mais informações: 3107-6832 ou 3106-2709.

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