Doce amor proibido

Sua família proibia o romance. O único jeito de ler os bilhetes de seu amor era colocá-los debaixo da massa da torta de maçã enquanto a abria na mesa da cozinha. Para conseguir ler as palavras apaixonadas, ela amassava aquela mistura até deixá-la finíssima. Tão fina que deu origem a uma nova receita da mais conhecida sobremesa alemã e austríaca, o apfelstrudel. A persistência da mocinnha austríaca criou uma dissidência da massa folhada tradicional: a massa fina. E é essa receita “lendária” que Elisabete Hradec segue para preparar seus bolos e tortas. Há seis anos, ela vende seus doces “importados” aos domingos na Praça da República. Às vezes a fila (ou a falta dela) é tanta que a vizinha da barraca do pastel vem ajudar. O mais concorrido é o apfelstrudel de maçã. “Vendo em média uns 80 pedaços por domingo”, conta. A receita da famosa torta de maçã foi ensinada pela sogra da doceira. “Os pais de meu marido [ele, alemão e ela, austríaca] vieram para o Brasil fugindo da guerra”. E, com ele, trouxeram um pouco de sua cultura, incluindo aí a culinária. Além do apfelstrudel, Elisabete aprendeu com a sogra e a nora a fazer outras delícias germânicas. Entre elas, está a torta Sacher. “Essa torta, de damasco, foi criada em um hotel com o mesmo nome no interior da Áustria. E até hoje eles fazem e servem a sobremesa aos hóspedes”. Há ainda - por 2 reais o pedaço ou 15 reais a caixinha - bolo de maçã com nozes, torta de ricota com passas, apfelstrudel diet e de abacaxi e bolo de papoula com amêndoa e calda de laranja. Para preparar tudo isso, Elisabete conta com a ajuda do marido, que é artista plástico e a acompanha aos domingos para expor na feirinha da República. “Ele descasca as maçãs, lava a louça... aquela coisa de homem”, brinca. Serviço:
A barraca de doces austríacos e alemães de Elisabete Hradec funciona todo domingo a partir das 9h na feirinha da Praça da República