Cinco histórias em uma

A história do Centro e do Terraço Itália praticamente se confundem. Assim como a história dos funcionários deste tradicional e elegante restaurante que oferece em qualquer um dos seus quatro ambientes uma vista espetacular da região. Parece até competição de quem permanece mais tempo. O maître tem 23 anos de casa, o diretor artístico, 16, e o pianista, conta "apenas" 8. E as experiências deles com a região datam de muito antes.
A carreira de Elizeu Storion se construiu no Centro. "Nos anos 70, no auge das boates da Rua Rego Freitas tinha muito trabalho por aqui. Eu passei por algumas delas. E também quando os restaurantes da região atraiam os clientes com música ao vivo eram muitas as oportunidades pros profissionais da área", lembra. Há 16 anos, Elizeu trabalha no Terraço e atualmente é o diretor artístico.
Maurício Zanetti Leite é freqüentador do Centro desde 1993 quando se tornou técnico da Receita Federal, que fica na Avenida Prestes Maia. Mas sua formação musical - embora incompleta - fala tão alto quanto o diploma de economista e, durante a noite, o pianista Maurício, há oito anos, dá o tom musical para o público do restaurante, na maioria moradores dos bairros. "Quando estava solteiro, também curtia o Centro na madrugada, ia com os colegas de trabalho tomar chope no Bar Estadão até as 4h", conta. E, antes disso, teve até sua época de freqüentador assíduo dos recitais do Teatro Municipal - praticamente dia sim, dia não.
Francisco Everardo de Freitas, por sua vez, começou em 1982 como carregador no Terraço, também passou por ajudante de garçon e hoje é maître sommelier. Subiu tanto na vida quanto os 44 andares do prédio em que está o Terraço, o histórico Edifício Itália. E garante ter tudo aos seus pés - literalmente, aliás. Morador do Centro há 12 anos, no seu expediente da noite Francisco vai trabalhar de bicicleta. "Saio daqui depois da meia-noite e percorro vários trechos da região antes de ir pra casa. É uma delícia. Não tem lugar melhor que o Centro", diz categoricamente. Ele só lamenta que principalmente quem não freqüenta a região tenha uma imagem tão negativa do lugar. "Isso mesmo depois de tantas mudanças que o processo de revitalização trouxe. A Rua Guaianazes, onde moro, por exemplo, já está 90% melhor."
E pra quem não quiser ficar andando pelas ruas no Centro de noite - como é do gosto de Elizeu, Maurício e Francisco - fica o convite para ir ver toda a região lá do alto dos 41o. e 42o. andares. (26/10/2003)