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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Luzes da ribalta

Muita gente pensou que ia se deparar com o vilão Marcos, da novela “Mulheres Apaixonadas”, mas o que encontrou no Teatro Hilton foi um imigrante polonês, apaixonado pelas artes cênicas. Dan Stulbach, 33, interpreta Clausewitz em “Novas Diretrizes em Tempos de Paz”, ao lado de Tony Ramos com direção de Ariela Goldmann. A peça cumpriu temporada em junho no Hilton e retorna nesta sexta (dia 17) ao espaço teatral do hotel. “O espetáculo já ia bem antes de começar a novela. Mas o que aconteceu foi mais pessoas terem a surpresa. Ouvi muitos comentários de gente que esperava encontrar um vilão e, quando a peça começava, se deparavam com o Clausewitz, que é o oposto: um personagem dócil, frágil e tudo o mais”, conta Stulbach. “Ouvi coisas do tipo: ‘Agora você está perdoado’, ou alguma coisa relacionada com o capítulo daquela semana. Foi algo bem evidente o sucesso de ‘Mulheres Apaixonadas’.” E também o da peça, que encheu tanto durante a temporada inicial que volta até novembro. “Ainda tem um grande alcance de público, não esgotou a possibilidade de as pessoas verem. Juntou, neste retorno, o fato de termos um enorme prazer em fazer a peça e o Hilton nos convidar para estender a temporada.” Paulistano, nascido em Perdizes, o ator estudou em Higienópolis -- “que é quase Centro”, como diz. “Está sendo maravilhoso fazer um espetáculo na região central, porque acabo vivenciando uma parte de São Paulo à qual normalmente não vou tanto.” “Tenho um grande apego aos Centros em geral, porque eu acho que é ali que a arquitetura se manifesta de uma maneira mais autêntica. E São Paulo é uma cidade tão grande, com uma identidade tão misturada, que essa mistura acaba sendo a cara da cidade. Há uma certa nostalgia, um certo romantismo, de que eu gosto muito.” No currículo de Stulbach, pode-se escrever “rapaz trabalhador”. Enquanto fazia o espetáculo, foi convidado para a novela da Rede Globo e teve de conciliar duas complicadas rotinas. “Como eu fazia o espetáculo antes de entrar para a novela, já tinha criado uma certa segurança com o texto. Mas eram mundo opostos, personagens contrários, o que sempre demandou muita concentração. Por outro lado, foi sempre um prazer estar em cartaz com uma peça em que eu acredito tanto e, ao mesmo tempo, fazer televisão, ainda mais com um personagem que dava tanta repercussão. Foi um momento duplamente privilegiado”, afirma. A labuta pesada nunca contou para deixar o trabalho monótono: “Sou muito detalhista, então eu e o Tony sempre batemos bola, revemos o texto, conversamos depois das apresentações. A gente está sempre muito atento ao espetáculo e, mesmo fazendo a peça juntos há um ano e meio, temos de evitar a comodidade”. Montar o personagem não foi difícil em virtude das semelhanças na vida real: “Meus pais são poloneses. Eu sou o primeiro nascido no Brasil de minha família. De certa maneira, foi essa relação que me trouxe a consciência do que é ser estrangeiro. Foi, portanto uma caracterização intuitiva. Ao longo do processo, fui aperfeiçoando corpo e voz, melhorando a entonação, afinando aqui e ali.” Para o ator, a peça mostra muito do mundo de hoje, porque o sentimento de incompreensão do diferente ainda é uma questão atual. “Se você for expandir essa intolerância -- em termos de raça, cor, credo -- ao mundo, isso se torna mais atual do que nunca. Não é à toa que as pessoas ainda se emocionam com o espetáculo.” Depois de São Paulo, a montagem ganha os palcos portugueses, em uma temporada de um mês que passará por Porto, Samalicão e Lisboa. (17/10/2003) Serviço: Novas Diretrizes em Tempo de Paz
Teatro Hilton (Av. Ipiranga, 165, tel. 3231-1950)
De 17 de outubro a 23 de novembro; sextas, às 21h30, sábados, às 21h, e domingos, às 19h
Preço: R$ 30.

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