Entre caixinhas coloridas e jogos de xadrez

Caixas, porta-chaves, porta-retratos, tabuleiros de xadrez e dama, tudo em madeira. Estas e outras peças são vendidas pela boliviana Joana na feira de artesanatos que acontece todos os domingos em um estacionamento na frente da Praça da República. O colorido das peças chama atenção de quem passa, pois a maioria tem aplicações de pastilhas de diversos tons, o que dá um toque alegre e diferente aos produtos.
“Eu e meu marido, que é marceneiro e entalhador, fazemos este trabalho há cerca de dez anos. Começamos produzindo algumas peças para os amigos. Depois, passamos a vender para lojas”, lembra ela, sempre se mostrando muito simpática e receptiva.
Eles desistiram de vender para lojas porque, segundo ela, os produtos eram vendidos a um preço muito mais alto do que o sugerido pelos artesãos e o lucro extra não era repassado. “Ou seja, nós e os compradores saíamos perdendo, só os lojistas ganhavam”, conclui. “Então resolvemos vender diretamente ao consumidor. Podemos oferecer nosso trabalho há um preço menor do que as lojas e ganhamos mais.”
Apesar da mudança de rumo, Joana diz que os artesanatos ainda não dão retorno suficiente para pagar as contas. Isso ela garante com a aposentadoria do marido. “Mas já conseguimos comprar a matéria-prima apenas com o dinheiro que ganhamos aqui”, diz. “Agora no começo do ano as vendas ainda estão fracas, mas lá pra março devem melhorar”, acredita.
Além do marido, Joana conta com a ajuda da filha de 7 anos, que a acompanha na feira de domingo. “Não há o que fazer em casa, né? Preferimos que ela venha com a gente. Somos muito preocupados, ainda mais por ela ser filha única.”
A boliviana veio para o Brasil no meio da década de 70 como turista e gostou tanto que resolveu ficar. O marido, também boliviano, ela conheceu no Brasil, por intermédio de uma amiga. “Namoramos durante mais ou menos um ano e resolvemos nos casar”, lembra ela, que hoje é moradora do bairro do Butantã (zona sul), onde ela e o marido produzem as peças para a feira de domingo. (17/02/2003)