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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Metrópole com charme italiano

por Andrea Fanhoni Milano Centrale, 8h30. Na estação que fica em pleno Centro da segunda maior cidade italiana, e aonde chegam trens de todas as partes do país, o movimento é intenso. Muitas pessoas vêm de cidades vizinhas para trabalhar na cidade, ou mesmo estão ali para alguma reunião de negócios. A estação é diretamente ligada ao metrô, mas hoje é dia de "sciopero"... os funcionários da área de transporte público estão em greve, e a saída é apelar para os táxis. Eu, que planejava chegar umas 9h ao consulado brasileiro, fui para a fila... e que fila! Mais de 50 pessoas se enfileiravam para pegar o seu táxi, tantas delas usando o celular para avisar o escritório do previsível atraso.

Para quem sempre morou em São Paulo e estava na Itália há três meses, morando na tranqüila Carrara, cidade de 60 mil habitantes da região da Toscana, esse ritmo agitado de início de manhã em Milão foi uma agradável surpresa. Senti-me em casa, como se tivesse voltado ao meu "habitat" natural. Tive a sensação de que ali eu sabia muito bem como me virar... talvez por isso quando meus amigos daqui vão me apresentar a alguém, logo avisam: ela é “brasiliana”, mas é de São Paulo, parece vir de Milão... Como outras grandes cidades européias, Milão tem o charme de combinar o ar de metrópole e modernidade, com monumentos antigos e tantos séculos de – uma bastante agitada – história. Localizada no norte da Itália, sua origem remonta ao século VI a.C. e, desde 200 a.C., quando foi conquistada pelos romanos, a cidade passou por diversos períodos nas mãos de outros povos, começando pelos bárbaros e passando pelos alemães, franceses, espanhóis e austríacos. Mas todas essas invasões não impediram que a cidade mantivesse uma identidade própria e que famílias nobres, como os Torriani, Visconti e Sforza, marcassem sua história. Uma dessas marcas é o Castelo Sforzesco. Sua construção foi iniciada em 1368, no período em que a família Visconti dominava a cidade, e em seus seis séculos de existência foi atacado, destruído, restaurado e reformado, conforme o poder se alternava. Praticamente no miolo da cidade, Sforzesco é um dos pontos em que Milão surpreende quem caminha pelas suas ruas em meio ao ritmo apressado da metrópole. Assim como, no final de uma larga avenida, no meio do trânsito, se encontra o Arco da Paz, um monumento no estilo do Arco do Triunfo parisiense, da época de Napoleão Bonaparte. Ou, circulando pelas ruas mais estreitas do Centro, de repente se chega à praça do famoso Duomo de Milão (que passa por uma longa restauração e tem sua fachada coberta), onde, além da majestosa igreja de arquitetura gótica, está a galeria Vittorio Emanuelle II, uma enorme construção em forma de cruz, com uma bela cúpula de ferro e vidro, onde estão instaladas lojas elegantes, bares e restaurantes. Logo ali atrás, o teatro Scalla, também em restauração. Mesmo morando há sete meses aqui à distância, sempre me mantenho informada sobre São Paulo e tenho lido muitas notícias animadoras sobre a revitalização do Centro. Como em Milão, temos belos espaços que podem surpreender os visitantes pelo contraste entre o moderno e o antigo, entre as ruas apinhadas de pessoas e praças amplas e abertas... na limpeza e na segurança talvez esteja a diferença que separa Sampa de Milão. E quem sabe daqui a alguns anos, quando um italiano da metrópole for a São Paulo, não possa também se sentir em casa? (27/01/03)

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