Força dos corpos

O ano de 2003 é só de promessas no Teatro Municipal. Com as contas saneadas e toda a programação de 2002 cumprida à risca, a diretora Lucia Camargo fez um balanço positivo de seu primeiro ano completo na gestão do espaço. “No ano de 2001 peguei um orçamento feito pelos outros, mas já havia dado para mostrar que poderíamos fazer uma temporada forte.”
“Foi um período para fortalecer a presença dos corpos estáveis na programação do teatro. Cumprimos todo o programa que propusemos: ‘Carmen’, ‘Macbeth’, ‘Madama Butterfly’, ‘João e Maria’, ‘Bodas de Fígaro’, ‘Sansão e Dalila’”.
Para Camargo, que já foi secretária de Cultura do Estado do Paraná e chefe da divisão de teatros de São Paulo, a temporada do ano passado teve duas boas óperas: “Bodas de Fígaro” e “João e Maria” , uma “grata e boa surpresa”, segundo ela. “As outras nem considero tão boas. ‘Madama Butterfly’ foi mesmo para cumprir tabela, porque era uma parceria com o Rio de Janeiro que acabou não dando certo e os músicos já estavam contratados.”
Sem nada a dever, o teatro conseguiu montar até mesmo dias extras, no final do ano, do infantil “João e Maria”. “Foi mesmo uma retomada da produção de óperas, balés e concertos”, afirma. Muito dessa melhora se deu devido à presença do maestro Ira Levin, o diretor dos corpos estáveis: “Ele trouxe um fogo novo para a orquestra”.
Agora é olhar para a frente. A idéia de Lucia Camargo é que todo ano seja possível repor uma obra que já exista no repertório. “É como um revival. Este ano abriremos com ‘O Chapéu de Palha de Florença’, de Nino Rota, que já foi feita aqui e tem todos os figurinos.”
Seguem outras quatro óperas e uma apresentação em concerto: “Falstaff”, da fase final de Giuseppe Verdi; “Lohengrin”, de Richard Wagner, “Salomé”, de Richard Strauss; “Contos de Hoffmann”, de Jacques Offenbach; e “Édipo Rei”, de Igor Stravinski.
Para comemorar os 35 anos dessa formação do Balé da Cidade de São Paulo, serão quatro temporadas com algumas reapresentações pontuais, por exemplo a da remontagem de um espetáculo feito para o centenário do pintor Cândido Portinari. “Depois essa coreografia vai viajar pelo resto do Brasil a convite da Fundação Portinari.”
Por falar em aniversários, 2003 terminará para o Municipal bem no comecinho de dezembro. “Queremos reabrir o teatro em grande estilo no dia 25 de janeiro de 2004, para as homenagens aos 450 anos da cidade de São Paulo. Deveremos investir em grandes sinfonias e há a possibilidade de montarmos uma das peças da tetralogia de Wagner”, completa.
Do governo federal, a diretora pede um pouco da paz e do amor alardeados. “Gostaria que tivessem um olhar mais doce diante do Municipal para apoiar mais, fazer mais coisas conosco, propor projetos. E que venham usar a casa também, claro.” (03/01/2003)