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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Os cinemas do Centro, por um grupo de iniciantes

Erica Shimamura Sexta-feira à tarde, quase no final do expediente. Um cara de Santo André, um maranhense, outro da Zona Leste e eu, uma garota do Paraná, saem da Chácara Santo Antônio, no extremo Sul de São Paulo, para ir ao cinema. Até aí, nada de mais. O diferente nesta história é que resolvemos ir até o Centro da cidade, de ônibus, a quase 16 km dali. A idéia foi do jornalista Daniel Castro (que não é o colunista da Folha e nasceu em São Luís do Maranhão), pois como um assíduo freqüentador da região, sempre sonhou em liderar uma caravana para lá. A sugestão logo foi aceita, já que o fator "pouca grana para passar o fim-de-semana" teve um peso relativo para todos. Os ingressos no Centro custam em média R$ 5. A “aventura” começou um pouco antes de chegarmos ao Centro propriamente dito. O Daniel, o único que conhecia o caminho pelo corredor de ônibus da 9 de Julho, tirou um cochilo durante o trajeto e quase passamos do ponto para descer. Para chegar ao Cine Paris passamos pela Líbero Badaró, pelo Viaduto do Chá, Barão de Itapetininga e por fim, pela famosa Avenida Ipiranga, onde ficam o Edifício Copan (aquele com formato de “esse”) e a Praça da República. Levamos o dobro do tempo estimado por conta de um forte trânsito de pessoas empolgadas com as compras de Natal. Já no cinema, fomos surpreendidos mais uma vez: por R$ 4 tínhamos o direito de assistir a dois filmes, um seguido do outro. Então, começamos por Identidade Bourne, um filme de ação americano dirigido por Doug Liman (Vamos nessa), com Matt Damon (Gênio Indomável) e Franka Potente (do ótimo Corra, Lola, Corra). Lá dentro, logo na entrada, vimos uma placa: é proibida a entrada de gaviões. O Daniel contou que a placa proibia a entrada de exibicionistas, ou seja, aquelas pessoas que gostam de mostrar os órgãos genitais em público. O Cine Paris tem 188 poltronas vermelhas e aparentemente é um cinema como outro qualquer. Claro que a qualidade do som e da imagem não se comparam a uma sala do Cinemark. Mas o legal do lugar é a simplicidade e a sensação de estar em casa. Sem contar os tipos que aparecem. Na nossa frente, por exemplo, estava confortavelmente sentado um senhor que levantava os braços para se espreguiçar a cada 15 minutos e gargalhava tão alto que o barulho da risada ecoava pelo cinema. O pior é que o "fenômeno" sempre acontecia nas cenas mais imprevisíveis. O jeito era rir também. Outro detalhe lá dentro: no Cine Paris ainda existem lanterninhas. Um deles passava de hora em hora para verificar se estava tudo bem conosco, os espectadores. Quando saímos do cinema já passava das 9 e desistimos do outro filme. Mas ficamos com aquela sensação de ter conhecido algo novo, bem diferente dos cinemas de shopping. O Luís, que mora na Zona Leste, disse que quer conhecer mais o Centro, e eu, os outros dois cinemas que ficam ali ao lado, o Marabá e o Ipiranga. Em uma entrevista, o cineasta Carlos Reichenbah (Dois Córregos, A Ostra e o Vento), criado no bairro do Jabaquara, disse que conheceu São Paulo inteira pelos cinemas e pelas igrejas de bairro. Ele acredita que esses são lugares de encontro com você mesmo... Verdade ou não, está dada a dica para os interessados em conhecer um pouquinho melhor o Centro de Sampa. O Cine Paris fica na Avenida Ipiranga, 808. Tel. 223-9805.

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