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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Angola em quadros

No próximo dia 12 vai ser inaugurada a exposição fotográfica Angola - A Esperança de um Povo. Organizada pelos fotógrafos Vinícius Souza e Maria Eugênia Sá, no Conjunto Cultural da Caixa, na Praça da Sé, a mostra promete revelar o cotidiano de um povo que, depois de ter vivido quase 40 anos em guerra, busca suas raízes e quer ter uma vida normal. "Desde quando estudava jornalismo na Cásper Líbero (São Paulo – SP), tenho interesse por fotografia documental. Cheguei a fazer um trabalho com os índios xavantes e outro sobre tribos urbanas naquela época", diz Vinícius, que continuou se desenvolvendo como fotógrafo enquanto escrevia para o caderno de informática d'O Estado de S. Paulo, Computerworld "e quase todos os veículos que você possa enumerar nessa área". Ele é casado com Maria Eugênia, que atuava mais junto ao meio publicitário e de moda. “Quando fomos para New Orleans (cidade do sul dos EUA) em 2000, onde passamos um ano, ela começou a se interessar mais pela fotografia documental." Para se aprofundar nessa vertente, o casal resolveu rumar para o leste europeu, onde ficou durante três meses. "Fizemos um trabalho muito interessante em países como República Tcheca, Romênia e Hungria", conta ele. De volta ao Brasil, começaram a preparar a próxima viagem. " Quando estava na faculdade, há treze anos, queria fotografar a guerra e tinha muita vontade de ir para Angola, pois é um país que lutou pela libertação da colonização portuguesa e depois sofreu com conflitos internos. Mas acabou não dando certo. Logo depois da morte de Jonas Savimbi, líder do grupo Unita (um dos mais fortes do país na guerrilha), em fevereiro deste ano, foi assinado um cessar fogo e vi a oportunidade perfeita de ir para lá." Ele retomou alguns contatos que tinha da primeira vez que tentara ir para o país. Em setembro, ele e Eugênia embarcaram. "Esses contatos facilitaram nosso acesso a áreas onde jornalistas e fotógrafos geralmente não podiam chegar, como campos minados e hospitais", diz ele. "Cheguei lá com a informação de que os angolanos, especialmente das áreas mais críticas, não gostavam de ser fotografados com medo de represálias. Surpreendentemente, encontrei um povo receptivo e com vontade de ser fotografado." Conversando com as pessoas, ele percebeu que elas esperavam que a fotografia fosse um registro pelo qual seus parentes pudessem reconhecê-las. Essa vontade acabou se transformando em um programa da rede de televisão pública do país, chamado "Nação Coragem". "As pessoas vão ao local de gravação e, uma a uma, dizem seus nomes e quem estão procurando, oferecendo o máximo de referências possíveis. E está dando certo, muitas famílias estão se reunindo." Voltaram ao Brasil em outubro, com cerca de 70 rolos de filmes. Além de São Paulo, Vinícius e Eugênia querem levar o trabalho para outras cidades do Brasil. Mas já conseguiram patrocínio para expor em Angola. "Pouca gente sabe, mas Brasil e Angola têm ligações muito fortes. A maioria dos escravos trazidos para cá eram de lá. Algumas palavras que utilizamos, como 'samba' e 'bunda' vêm de um dos dialetos angolanos. Eles têm um carinho muito grande por nós, as novelas brasileiras fazem o maior sucesso por lá. E o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a independência de Angola", conta ele. 08/12/2002 Serviço:
Exposição Angola – A Esperança de um Povo
Segunda a sexta, das 10h às 16h (de 12 de dezembro a 24 de janeiro de 2003)
Conjunto Cultural da Caixa
Praça da Sé, 111 – 3o andar
tel. 3107.0498
Entrada Franca
Próximo ao Metrô Sé
Site sobre a exposicão: www.mediaquatro.hpg.ig.com.br

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