Um clique de sonho

Foi levado pela mão por sua mãe que o fotógrafo Eduardo Castanho começou a desvendar a imensidão do Centro. “Eu acompanhava minha mãe quase que semanalmente às compras na região. A cidade era uma experiência fabulosa: a escala monumental, o pânico de me perder, a adrenalina ao andar por entre a multidão da Rua Direita”, conta.

Profissional do clique desde 1971, Castanho lança agora pela editora Escrituras seu “São Paulo - Cores e Sentimentos”, no qual nos convida a dar um passeio pela cidade desde a sua fundação. “Meu livro é um caminho imaginário da história do desenvolvimento de São Paulo. Tem início no nascimento no Pátio do Colégio, passa pelo caminho das bandeiras até chegar ao potencial turístico atual, baseado na paisagem urbana e rural e nas sensacionais praias do litoral norte.” Impressionado pela cidade desde os dez anos de idade, hoje, aos 52, ele não deixa de caminhar pela região que povoa seu repertório visual. “Gosto de procurar a cidade que conheci quando garoto e que tanto me inspira”, diz. Por isso volta e meia ele está no “comércio de eletrônicos da Santa Ifigênia e no das incríveis ferramentas da Florêncio de Abreu ou na atmosfera cosmopolita da São Luís”. Em uma das páginas, a Nossa Casa divide espaço com o Edifício Itália. Mas não faltam a Praça Ramos de Azevedo ou o belíssimo Parque da Luz e um lado novo da Praça da República e da Biblioteca Mário de Andrade. Castanho explica por quê: “Sou um indivíduo que tenta entender seus próprios sonhos”. Que sonhos? “Principalmente ver o Centro revitalizado, respeitado e preservado. Ele esconde, por suas frestas estreitas, um patrimônio fabuloso que é de toda a população. Adoraria ver as pessoas passeando tranquilas pelas ruas centrais, entre lindos jardins, praças, comércio, restaurantes e cafés.” Oxalá! (09/10/2002)