Impossível não comparar

Por Renata Mesquita Uma fica na altura do Trópico de Capricórnio, a outra está próxima à Linha do Equador, mas não dá pra visitar o Centro de uma sem pensar na outra, embora o visual delas seja bem diferente. Vamos dar nomes aos bois: uma é São Paulo (obviamente) e outra é Natal, capital do Rio Grande do Norte. Natal – ao contrário do que muita gente pensa, inclusive do que eu pensava – “é pequena não”, como dizem seus moradores sempre colocando o não no fim da sentença ao invés de falar “não é pequena”. São 709.536 mil habitantes ou mais de 1 milhão quando somamos as cidades vizinhas que já emendaram na capital – lembrando a Grande São Paulo, mas, lógico, com uma paisagem totalmente diferente. E apesar de ser bem velhinha - foi fundada em 25/12/1599 e esse é o motivo do seu nome -, a terceira cidade mais antiga do país tem poucos prédios antigos. Minha impressão, confirmada pelo que disse Margarete, minha guia de turismo: não havia a preocupação em se manter as antigas construções. Muitos prédios de velha data foram destruídos para dar espaço a novos empreendimentos. Dos holandeses que dominaram a região durante cerca de 20 anos, não sobrou uma só marca arquitetônica – se é que de fato foi construída alguma coisa. Acredito que para essa cidade as ações de preservação mais importantes foram voltadas à natureza, motivo do turismo do qual vive a cidade. (Só para constar: São Paulo é o oposto.) Mas, como não podia deixar de ser, no Centro Histórico alguns prédios se salvaram. O marco zero da cidade é o obelisco situado na praça em frente à catedral – uma semelhança e tanto com Sampa. E camelôs não há. Esta igreja está bem conservada mas Margarete comenta que muito foi perdido das características originais quando houve a reforma. “Passaram tinta branca sem se preocuparem com o que estava ficando por baixo”, conta. O quarteirão ao lado também possui um valor histórico e político de peso – que é um exemplo a ser seguido pela cidade de São Paulo. A "Praça dos Três Poderes", como é chamada, reúne a sua volta o prédio da Prefeitura e o Palácio da Cultura, dois casarões antigos muito vistosos, além do Tribunal de Justiça e a Assembléia Legislativa, que estão acomodados em prédios mais modernos e recentes. Para completar, as comparações: Natal foi governado durante quase 12 anos (o último mandato obtido por reeleição) uma mulher, Vilma de Farias. Que hoje está concorrendo ao cargo de governadora do Estado. Há quem diga que “por isso é que a cidade está bem cuidada assim”, como Luís, o motorista da Van. Vejamos se Marta Suplicy – Ops! Será que ainda é Suplicy? – vai ter o mesmo futuro. (10/08/02)