Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Prédios antigos, noite agitada e uma carteira roubada

Jordana Viotto da Cruz Cheguei à donQuijote mais ou menos meia hora atrasada porque ainda estava atrapalhada com o fuso e a viagem de cerca de 16 horas que havia feito no dia anterior. Fiz a prova e fui levada, juntamente com os demais alunos novos, para um “tour” pelos arredores da escola por dois professores. A escola de espanhol para estrangeiros fica no Centro de Madrid e logo percebi que, como no Centro de São Paulo, havia muitos prédios antigos abrigando o comércio e os serviços de hoje. A primeira coisa que nos disseram, antes mesmo de deixarmos a frente do prédio – que por sinal também era antigo, tinha até um daqueles elevadores de portas pantográficas - foi: “Madrid é uma cidade segura, mas tenham muito cuidado com bolsas e carteiras, especialmente aqui, na região do Centro”. Pensei: “Sou brasileira, estou acostumada com coisas piores, sei como evitar ser roubada por um batedor de carteira. Essa parte vai ser fácil. Nunca fui roubada em São Paulo, que é São Paulo, não será aqui...”. Bem, e lá fomos nós. Conhecemos o Sol, ali pertinho, onde fica o marco zero da cidade, a escultura do urso com as patas dianteiras no tronco de uma árvore, que é o símbolo da cidade, o Palácio Real, além de um pouco da arquitetura da própria cidade também. À noite, tivemos a ceia de boas-vindas, ali na região, e foi tão animada que, quando acabou, resolvemos continuar a festa. Fomos a um bar cubano (se não me engano...) chamado Havana (hmmm... se não me engano...). Nisso, o Centro de Madrid é bem diferente do de São Paulo: você pode andar por lá à noite tranqüilamente. Aliás, há muitos bares – especialmente turísticos e, conseqüentemente, caros –, é um lugar agitadíssimo. Tomamos cerveja – cara, bem cara, devo dizer –, ouvimos música latina e lá pela uma da manhã resolvi tomar o metrô porque à uma e meia os acessos são fechados. No segundo dia descobri um easyEverything – um internet café pertencente a uma rede presente em diversas cidades da Europa. Estava ansiosa para mandar notícias para o Brasil. Deixei minha bolsa embaixo da minha cadeira, mas mais na parte da frente, perto das minhas pernas, de modo que eu sentisse caso alguém passasse por lá e resolvesse levá-la como suvenir. Quinze minutos depois, um funcionário do local me perguntou: “Essa bolsa é sua?” e apontou para ela, que estava caída no chão, na minha frente. Primeiro pensei que eu havia chutado a tal e não havia percebido. Ele pediu para que eu olhasse dentro dela e checasse se alguma coisa estava faltando. Gelei! Minha carteira não estava mais lá. Puta merda!! A brasileira “espertona” que nunca foi assaltada em São Paulo foi enganada por um ladrão em Madrid!!!! O funcionário disse que viu um sujeito que estava sentado do outro lado da baia (as baias são separadas por divisórias que vão da altura do monitor até o pé – com um estreito vão embaixo) e ficou de olho. Quando ele veio olhar de novo, viu que minha bolsa estava “revirada” e pronto. E lá vamos nós – eu e Vallery, a canadense que estudava na minha escola e estava no mesmo apartamento que eu – e que acabou virando minha amiga – correr para o orelhão cancelar cartões de crédito e depois fazer um B.O. na polícia. Para explicar para o policial o que havia ocorrido, foi um deus-nos-acuda. Mas até que foi divertido. Conhecemos um grupo de italianos já de idade em que uma das senhoras também teve sua carteira levada e um sul-africano que foi roubado por uma garota que ele havia levado para o quarto do hotel “só para fazer companhia”. Cada uma! (22/07/2002)

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending