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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

Batalha entre gangues

A frente do prédio do Centro Cultural Banco do Brasil vira palco de uma batalha entre gangues. Mas se engana quem pensa que se trata de alguma espécie de briga. A disputa fica apenas entre quem faz o melhor passo, a melhor sequência de hip hop, a melhor performance. Max Soares, organizador do projeto Dança no Centro da Rua, explica: “Quis reviver a história do street dance. Tudo começou aqui mesmo, no anos 80, espalhado pela Rua 24 de Maio, pela São Bento, do Parque Dom Pedro até a Praça da República. E deve voltar para cá”.

Em vez de se enfrentarem com punhos, as gangues das diferentes zonas da cidade passaram a rivalizar com gingas. Foi a origem do que hoje é conhecido como hip hop. O cenário era de muros pichados, enquanto Michael Jackson reinava absoluto, se tornava Deus. Quem não se lembra do break? Andar para trás ou fazer movimentos de robô? “As pessoas se desafiavam na roda de dança, no que até hoje é chamado de ‘batalha de dança de rua’”, conta. “Sou um apaixonado por esse estilo. Por muito tempo trabalhei com a Companhia Balé de Rua de Uberlândia, que este ano abre o Festival de Lyon, na França.” Esta é apenas uma pequena amostra de um projeto de Soares. “É uma prévia do Festival Internacional de Dança de Rua (FID Rua), que vai haver em 2003. Tínhamos pouca grana e pouco tempo, mas resolvi agarrar a oportunidade.” O evento, gratuito, acontece às sextas (às 13h e às 17h), sábados (às 15h) e domingos (às 15h) até o dia 28 de abril. Os oito grupos participantes foram selecionados entre mais de 50 inscritos. “Não são a elite da dança, mas compõem um panorama dos diversos estilos da street dance”, diz Soares. As coreografias foram criadas especialmente para o espaço. Duas companhias até compuseram a trilha sonora sob medida. Segundo ele, apenas agora, um ano após a inauguração do CCBB, é que um projeto no entorno executa a proposta de chamar a atenção do público. “Pára o Centro, é uma piração. Atrai gente bem diversificada, dos catadores de papel aos empresários, passando pelos office-boys, que é um público bem específico, porque eles também dançam. Muitas vezes, eles entram na roda para participar da batalha também.” Mesmo empolgado com o espaço, Soares conta que houve um problema com os vizinhos, os bancos e cartórios, por causa do barulho. “Não posso fazer apresentação às 13h das sextas-feiras do lado de fora. Foi chato esse senão. Mas aí começamos a fazer o aquecimento dos grupos lá fora e deu certo do mesmo jeito.” As pessoas acabam sendo levadas a entrar no edifício. “É um pouco de medo. Ninguém entra no CCBB por achar suntuoso demais, gigante demais. Estamos levando gente para dentro do espaço”, afirma Soares. O organizador não perde tempo. Já se inscreveu na lista de projetos de 2003: “Vamos devolver a arte de rua para a rua, com performances de estátuas vivas, pintores de spray, jogo de bolinhas, shows com círculo de fogo e tudo isso. Vamos usar o quadrilátero do CCBB, transformando o exterior em interior”, finaliza. (18/04/2002)

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