Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Barão das Mágicas

"A arte mágica é igual ao sangue circulando nas minhas veias." Assim define Décio Queiroz -- mais conhecido como o Barão das Mágicas -- a sua profissão. Nascido na rua Braulio Gomes, onde um dia funcionou a Biblioteca Municipal, no Centro de São Paulo, o mágico conta que morava ao lado de uma pensão quando era adolescente. Lá morava um sujeito mais velho que sabia fazer muitas mágicas, mas estava passando por problemas de alcoolismo na ocasião. "Eu costumava sair de casa só para ir falar com ele e aprender seus truques", conta o Barão. Convidado para uma turnê de alguns meses pela América do Sul, o mágico vizinho chamou o pupilo para acompanhá-lo como assistente. "Cheguei a parar de estudar -- na época eu cursava o científico -- só para trabalhar como mágico. Meu pai ficou louco, mas era o que eu queria fazer." O aprendiz de mágico fez sucesso e conquistou uma salário maior que o que o seu pai ganhava na ocasião, trabalhando em uma companhia telefônica. Quando voltou para o Brasil, o Barão das Mágicas voltou a estudar e se formou professor de Ciências e Saúde nos anos 60, mas a arte mágica foi mais forte que o magistério. Hoje, Barão diz que conhece o Brasil de ponta-a-ponta por causa da profissão que escolheu, há 43 anos. Planeja aposentar-se daqui a dois anos, mas por enquanto -- há cinco meses -- trabalha na loja Az de Ouro, no Largo São Bento. É preciso olhar com atenção para não passar batido pela pequena porta que guarda tantas surpresas com sabor de infância, bem perto do Mosteiro de São Bento. Objetos gigantes, como o cotonete, o maço de cigarros ou o alfinete de Itu dividem espaço nas prateleiras com o jogo de xadrez e de dados ou algumas "pegadinhas" como o copo que faz babar, o chiclete que solta tinta, o isqueiro que espirra água, a caneta que estoura e o desodorante fedido. Para a felicidade dos desavisados, o item mais vendido é o baralho mágico. É impossível sair da loja sem um sorriso no rosto. Quando menos se espera, o Barão das Mágicas transforma uns papeizinhos em branco em dinheiro -- com a cara dele estampada na nota. Ou então, faz um cigarro aceso sumir na sua frente. Ou uma caneta bic desaparecer em plena luz do dia. Coisas que ele chama de "micromagia". A maior mágica, na opinião dele, é aquela que faz alguém sorrir. "Não existe felicidade maior que colocar um sorriso em uma criança." (18/04/2002) Serviço:
Az de Ouro
Largo São Bento, 16, tel. 228-8093

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending