Tudo é verdade no CCBB
Atenção: Matéria veiculada em 08/04/2002
Se você é uma daquelas pessoas que acha que documentários são todos chatos, perca o medo agora. Começa no dia 15 de abril o festival internacional É Tudo Verdade, com 93 trabalhos do gênero e temas que vão desde o universo de Jece Valadão, que virou pastor evangélico, ao nascimento do Bebê Diabo e outras lendas urbanas noticiadas pelo saudoso jornal "Notícias Populares".

Na mostra já foram revelados longas como "O Maldito", sobre Zé do Caixão, e "O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas", de Marcelo Luna e Paulo Caldas.
Em sua sétima edição, o festival está à disposição do público num espaço muito especial: o CCBB. "Um dos incentivadores iniciais do É Tudo Verdade voltou a fazer parte do circuito. É uma grande felicidade ter um CCBB mais perto da gente, sem que tenhamos que pegar uma ponte aérea", brinca o jornalista e idealizador do evento, Amir Labaki.
Todos os seis brasileiros presentes na competição nacional são estreantes no formato de documentário. Na mostra toda, 32 brasileiros representam sete Estados: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. "Será o festival da nova geração. Houve um processo de renovação e há muito fôlego na produção nacional a ser mostrado", afirma o jornalista, que, por causa disso, criou uma nova categoria de competição para os curtas-metragens.
Já a retrospectiva internacional comemora os 60 anos da vinda de Orson Welles ao Brasil, para filmar o nunca acabado "It’s All True", que deu origem ao nome do festival. "Welles não dirigiu apenas ´Cidadão Kane´. Esse módulo quer mostrar isso, trazendo inclusive raridades", diz Labaki. Uma delas é a minissérie "A Volta ao Mundo com Orson Welles”, de cinco episódios, sobre particularidades de algumas cidades européias.
O festival também desencava antigos "causos" no módulo especial de Cinema e TV. Documentaristas como Eduardo Coutinho e João Batista de Andrade já tiveram um pezinho na televisão, dirigindo programas para um formato antigo de "Globo Repórter". Vale ver, por exemplo, "Semana de Arte Moderna", com direção de Geraldo Sarno e texto de Zuenir Ventura, sobre a vanguarda modernista. "É uma espécie de mostra-índice do tesouro que temos guardado."
O cartaz desta edição foi feito com base em uma obra do artista Geraldo de Barros (1923-1998), que ganha uma homenagem com a reexibição do longa "Sobras em Obras", de Michel Favre, sobre sua carreira.
Para você não se perder entre as 93 produções do festival, o Sampacentro dá algumas dicas de trabalhos sobre a cidade e seus personagens:
* "Oscar Niemeyer - O Filho das Estrelas", de Henri Raillard, em que o arquiteto da Nossa Casa, o Copan, conversa consigo mesmo enquanto faz um passeio por sua carreira e obra
* "À Margem da Imagem", de Evaldo Mocarzel, sobre moradores de rua
* "Nasceu o Bebê Diabo em São Paulo", de Renata Druck, sobre três lendas urbanas paulistas publicadas no jornal "Notícias Populares"
* "Metro - A Metrópole em Você", de Raquel Couto, sobre as impressões de um viajante pela cidade
* "Um Pouco Mais, um Pouco Menos", de Marcelo Masagão e Gustavo Steinberg, um ensaio sobre o caos e as diferenças de São Paulo
* "João Pacífico - O Caipira de São Paulo", de Paulo Weidebach, biografia desse compositor que criou grande parte dos sucessos de música caipira
* "VinteDez", de Francisco Cesar Filho e Tata Amaral, sobre a cultura hip hop
(08/04/2002)
Serviço:
É Tudo Verdade - 7º Festival Internacional de Documentários - de 15 a 21 de abril de 2002(no CCBB e também no Cinesesc, Cineclube DirecTV, Centro Cultural São Paulo e Cinusp).
Confira a programação do evento edição 2004 (de 25 de março a 4 de abril) no site oficial: www.etudoverdade.com.br