Centro solidário
Por trás do projeto de revitalização de edifícios e viadutos centenários do Centro de São Paulo existem também trabalhos que cuidam da inclusão de pessoas no processo. Um deles é o projeto EDUCAFRO – Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes – coordenado pelos missionários franciscanos no Largo São Francisco. O objetivo é preparar jovens e adultos de comunidades carentes para exames vestibulares e oferecer apoio durante a vida universitária. O projeto visa em especial os afrodescendentes, já que fazem parte da maioria de excluídos desta etapa da formação educacional. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha em 1995, a população de negros no Brasil era de 59%, sendo apenas 5% desse percentual alunos de universidades.

Os núcleos de estudo do EDUCAFRO são auto-sustentáveis. Cada aluno contribui mensalmente com cerca de R$ 20 para ter aulas durante os sábados e, em alguns casos, durante a semana no período noturno. O espaço físico é cedido pela entidade que acolhe o núcleo e os professores são voluntários. “Para atendermos a demanda de alunos e ampliarmos o número de vagas necessitamos de mais professores e coordenadores voluntários”, diz o organizador dos projetos sociais da comunidade franciscana, Frei André Gurzynski.
Para que a pessoa interessada possa iniciar o pré-vestibular deve passar por um teste de nivelamento e atingir a nota mínima: seis. É dada preferência para as pessoas com nível socioeconômico mais baixo e as que estiverem mais tempo fora das salas de aula. Os alunos não pagam as inscrições para os exames vestibulares e recebem bolsas em universidades particulares por meio do convênio do EDUCAFRO com 18 escolas no estado de São Paulo.
O trabalho de viabilização de bolsas de estudos e o acompanhamento dos bolsistas é feito na sede administrativa do EDUCAFRO, na Rua Riachuelo, pelos frades franciscanos. Além das aulas preparatórias para o vestibular, existe no currículo do treinamento a matéria cultura e cidadania, na qual se debatem questões como o racismo, questões voltadas para a mulher, violência policial, direitos constitucionais, direitos do consumidor, entre outros temas.
Em dezembro de 2001 foram contados mais de 80 núcleos de estudos na Grande São Paulo e em Santos, 591 universitários bolsistas distribuídos em diversas carreiras e escolas. Entre eles, 14 estudam medicina na Universidade Latino Americana de Cuba e 81 estão estudando em universidades públicas. “Parte dos alunos da Universidade São Paulo são chamados especiais, ou seja, não passaram pelo vestibular, mas fazem algumas matérias e recebem certificados para cada cadeira concluída”, diz Frei André.
O primeiro núcleo de estudos do EDUCAFRO foi criado em São João do Meriti, Rio de Janeiro, em 1994. Os missionários franciscanos trouxeram o projeto para São Paulo três anos depois na sede do Quilombo Central, localizado próximo à Praça da Sé. Hoje, a sede do projeto EDUCAFRO funciona atrás do Convento São Francisco, na Rua Riachuelo, 342.
Para ajudar – O projeto EDUCAFRO está precisando de professores e coordenadores voluntários. Os interessados em obter mais informações poderão participar das reuniões realizadas todas as quintas-feiras, às 18 horas na sede da Educafro. (02/04/2002)
Serviço:
Sede da Educafro em São Paulo
Rua Riachuelo, 342 – sala 5 - tel. 3106-2790
E-mail: sedeeducafro@hotmail.com
Próximo às estações Anhangabaú e Sé do metrô e Terminal Bandeira