Le mie impressioni sul centro di San Paolo!!*
Por Christoph Cianci - italiano, gerente de vendas de um resort de golf e vinho, na Toscania (Itália)
Diz-se que a beleza está nos olhos de quem vê. Aos meus, o Centro de São Paulo parece belo. Claro que nada a ver com Florença, Veneza ou Roma, mas tem sua beleza própria, desconhecida da maior parte dos paulistanos. Parece estranho que uma cidade grande assim possa ter um Centro, um ponto topográfico bem específico, individual e tangível. No entanto com agradável surpresa descobri que é assim.

Conheci o Centro desta cidade enorme primeiro pelos relatos sobre seus aspectos, digamos, negativos. “É perigoso e um pouco mal freqüentado”, me diziam; “é bom manter os olhos bem abertos, há muita gente mal intencionada lá”. E assim, muito de seus habitantes preferem evitar uma parte da cidade que para mim é nada menos que a alma desta enorme criatura urbana que muito me recorda “Metropolis”, de Fritz Lang.
Ver o Centro com olhos diferentes é uma coisa que mais paulistanos deveriam fazer – frequentá-lo, saboreá-lo e vivê-lo, como o Centro de qualquer outra cidade, porque vale a pena pelas sensações fortes e contrastantes. Talvez possa ser os olhos do estrangeiro a vê-lo assim, com a indulgência que se reserva a uma coisa querida, como o seu velho carro em que os defeitos são considerados sinais que distinguem um caráter e uma alma.
São Paulo é uma mistura de cidade futurística, megalópole global de ponto de fusão incrível, e quermesse de interior. O cheiro de comida, eis o que talvez me recorde mais do Centro de São Paulo, é onipresente; sai dos inúmeros restaurantes de todos os tipos e especialidades, dos bares e dos vendedores ambulantes. Outra característica é a confusão de pessoas e coisas - colorida, barulhenta e fascinante, como na Santa Efigênia, por exemplo. Fiquei impressionado ao descobrir, entre uma multidão de pessoas, carros e caminhões, que aquela era a rua das lojas de computadores e produtos eletrônicos.
Mas se quiser algo verdadeiramente impressionante deve-se ir ao Edifício Itália (que, no caso de se ser italiano, dá também um pouco de orgulho nacional) que é o mais alto do Centro, e subir até o último andar, no Terraço Itália, de onde se pode ver o mais belo panorama de São Paulo. A visão interminável dos arranha-céus que se perdem no horizonte dão a melhor impressão das dimensões da cidade.
O rumor abafado pela distância dá a impressão de estar frente a qualquer coisa de irreal, de asséptico, quase como se não existisse a vida que ferve, com seus cheiros, sons, dores, alegrias, lágrimas e sangue; a sensação de estar imerso na criatura de Fritz Lang é mais forte e presente, é quase uma visão. Descer e sair pela rua é como saltar de um lugar encantado e mergulhar na realidade, barulho, cheiro e confusão... enfim, o Centro de São Paulo é um lugar que acho que merece a atenção das pessoas, mas, sobretudo, mais atenção das autoridades para torná-lo mais seguro, vivo e, porque não, um ponto de interesse turístico.
O centro de São Paulo dois meses depois
Um retorno imprevisto em tão pouco tempo e então vou parar numa Praça da República cheia, num domingo de verão. Banquinhas de todos os tipos, muitas de comida. Isto já não deveria mais ser uma novidade para mim, e mesmo assim continuo fascinado, como um menino em frente a uma vitrine cheia de brinquedos. A impressão de me encontrar a milhas e milhas distante de São Paulo me assalta novamente, uma outra daquelas sensações de deslocamento que parecem, para mim pelo menos, ser uma característica neste lugar. Talvez seja o efeito do fato de ser tão grande que no final se reduz a ser, ainda que uma única cidade, uma fusão de muitas cidades representadas pelos seus bairros e suas características.
Enfim, é difícil descrever São Paulo, mas seguramente esta cidade, de algum modo, entrou no meu sangue, me atrai como se fosse uma mulher bela e misteriosa, terrível e um pouco cruel, mas cheia de promessas e de possibilidades. (18/03/2002)
* Minhas impressões do Centro de São Paulo
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