Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

As pombas de todos os Centros

Por Mariana Della Barba É fácil, muito fácil gostar de Amsterdam. E não só pelo motivo que você está pensando, mas principalmente porque ela reúne o melhor de uma cidade do interior com o melhor de uma metrópole, como São Paulo, num só lugar. O agito empolgante da vida cultural e noturna convive com a tranqüilidade das ruazinhas, sempre cortadas por canais, cheias de árvores e bicicletas. E é no Centro da cidade (onde mais?) que essa mistura fica mais interessante. A DAM é a Sé de Amsterdam. Duas praças que, além de marcar o ponto zero de suas cidades, têm pouco em comum. A Catedral da Sé na DAM é o Palácio Real, ou Koninklij Paleis como eles dizem no distante idioma holandês. Se as cúpulas esverdeadas da Sé são o destaque da Catedral, no Koninklij é a imponência de seus 13.659 pilares do século XVII que salta aos olhos. Mas a DAM também tem seu templo religioso. Ou melhor, tinha. A Nieuwer Kerk (Igreja Nova) foi construída há 594 anos para substituir a antiga, que fica no distrito de Red Light. Entretanto, a “jovem” igreja da praça foi desativada e transformada em um centro cultural, onde atualmente uma exposição sobre o México está em exibição. Ao lado do Palácio, fica a filial Amsterdam do Madame Tussand, uma das atrações preferidas de um tipo bem particular de turista. Aquele que não está muito preocupado com a história local ou com as diferenças culturais do lugar. Ah, e que sempre tem dinheiro no bolso, porque não é nada barato ver os famosos bonecos de cera com seus sorrisos amarelados do museu. Um obelisco branco de 22 metros chama atenção no canto leste da praça. Construído em homenagem aos holandeses mortos na Segunda Guerra Mundial, o National Monument tem em seu interior 12 urnas. Cada uma foi preenchida com terra das 11 províncias nacionais e a 12ª., com o solo de um cemitério de guerra na Indonésia, ex-colônia holandesa. O apelido do monumento é “meeting point”, já que é o local mais fácil para marcar um encontro com alguém em plena DAM. Mas mesmo se tirassem o museu, o centro cultural, o Palácio e o Monumento, a DAM continuaria a ser o coração de Amsterdam. É lá que tudo acontece desde 1270, quando o primeiro dique (dam em holandês) foi construído no Amstel, o canal que passa bem pertinho dali. Lembra das passeatas que aconteceram na Sé e arredores nos anos 60 e 70? Então, a DAM também conheceu muitos dias de protestos, só que desde 1535. Séculos de História. Na década de 60, ela era o lugar preferido dos hippies. Nem é preciso explicar a razão, né?! Um ou outro hippie ainda dá umas voltinhas pela DAM, mas nenhum vendendo pulseirinhas e porta-incensos como os do Centro de Sampa... Ah, mas artistas-estátuas tinham aos montes. Uns inteiros de branco, como os daí, outros super incrementados. Dezenas de crianças corriam em volta deles. As meninas tentando dar comida pras pombas (argh!), os meninos as espantando (ueba!). Aliás, foi aí que cheguei à conclusão – triste e “importantíssima” – que pomba é o bicho mais globalizado que existe. Mas, pensando bem, o que seriam das grandes praças do mundo sem elas?! Impossível imaginar a Trafalgar Square (Londres), a Praça São Marcos (Moscou), a Sé ou a DAM sem esses ratinhos com asas... PS: Como os leitores mais assíduos já devem ter percebido, as meninas do Sampacentro adoram textos sobre Centros de outras cidades do Brasil e mundo afora. Já temos Salvador, Nagoya, Paris, Buenos Aires e Londres está a caminho. Nada mais importante que olhar o exemplo alheio para perceber nossos defeitos e valorizar nossas qualidades. :o) (12/03/2002)

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending