Quase um pecado

Por Lígia Nogueira
Entrei no Mosteiro exatamente às duas e dezesseis. Um fila já estava formada do lado esquerdo da porta de entrada, em uma salinha onde se vendem santinhos, livros a respeito da vida de São Bento, velas e geléias caseiras feitas pelas monjas beneditinas. Nesse instante, uma espécie de "janela" se abre e, como num milagre, deliciosas iguarias começam a surgir por todos os lados.
Graças à nossa Santa Escolástica, é possível levar para casa, por 20 reais, uma das receitas guardadas a sete chaves por três monges. Nozes, maçã e canela são os ingredientes principais do bolo que foi batizado em homenagem à irmã gêmea de São Bento. Uma cesta com vários bolos que tinham acabado de sair do forno esvaziou-se em cinco minutos.
Dom Bernardo Schuler, um dos responsáveis pelo preparo da receita, diz que são feitas apenas 50 unidades por dia, por isso a procura é muito grande. "Tudo é feito artesanalmente", acrescenta. Apesar de ser vendido há apenas três anos na lojinha, o Bolo Santa Escolástica segue uma tradicional receita alemã do século XVIII.
Quem preferir a mistura de ameixa, banana e uva-passa pode levar o Bolo dos Monges por 12 reais. Os adeptos do salgado não devem sair do Mosteiro sem um Pão São Bento, feito de mandioquinha. Vendido a sete reais, tem um tamanho bem generoso. Há ainda o Mel do Mosteiro (R$ 10, o vidro com 500 ml). Se ficar na dúvida, peça ajuda à Dona Nazaré, a simpática senhora que atende aos compradores e não perde a paciência se a fila começa a ficar um pouco desorganizada.
Se a tentação por chocolate for grande, experimente o Pão de Mel Benedictus, que traz uma agradável surpresa à primeira mordida: o recheio de geléia de framboesa é quase um pecado. Vendido a três reais, vem em uma embalagem caprichada. Com tantas opções --verdadeiras delícias celestiais, dignas das maiores boulangeries da cidade-- fica difícil controlar a gula. (13/03/2002)