Casamento também acaba em pizza

No fim da tarde do dia 16 de julho de 1983, Anália Roma entrava na Catedral da Sé. Como manda a tradição, estava vestida de branco, usava véu e grinalda e carregava um buquê feito de rosas brancas de verdade. Foi conduzida por seu pai até o altar da igreja, onde Paulo César a esperava.
Os dois haviam se conhecido em 1979, por intermédio de Antonio, que era amigo de infância de Paulo e colega de Anália no curso de direito da Universidade de Guarulhos. Antonio convidou Paulo para participar de um evento na faculdade. "Ele disse que passaríamos na Penha para pegar uma colega dele e eu concordei", afirma Paulo. "Mas a primeira impressão que eu tive dela não foi boa. Eu achei que ela era chata e que falava mais do que a boca."
Depois disso, Anália e Paulo se encontraram mais algumas vezes, mas não chegaram a se aproximar. Então, Antonio - que tinha o feeling de que os dois combinavam - resolveu dar um "empurrãozinho". Disse para Anália que haveria uma reunião importante na faculdade da qual ela precisava participar. "Mas ele falou que não poderia passar em casa por algum problema, e que Paulo iria. Eu concordei", conta ela. Chegando à faculdade, esperaram e esperaram e nada de reunião - era tudo uma armação.
Paulo levou-a de volta para casa e dias depois ligou convidando-a para tomar um sorvete. Estava frio e ele resolveu trocar o sorvete por um copo de vinho quente. "O vinho é para dar coragem?", ela brincou. "É, é para dar coragem!", ele respondeu. Ele pediu-a em namoro e ela aceitou. "No começo, nós tínhamos dias para namorar", lembra Paulo. "O pai dela era muito rigoroso e eu só podia visitá-la às quintas e sábados." Anália completa: "Aí ele começou a me buscar na faculdade e aos poucos os dias 'permitidos' foram aumentando até que começamos a nos ver diariamente."
Ficaram noivos em 1981 e, depois de um tempo, resolveram se casar. "Queríamos nos casar na São Carlos Borromeu (no Belém, Zona Leste de São Paulo), que era o 'hit' do momento, além de ser perto de onde morávamos. Mas não havia datas disponíveis nem lá nem em outras igrejas da região", diz Paulo.
Então, uma tia de Anália que trabalhava no Centro e que todos os dias, no horário de almoço, ia até a Catedral para acender uma velinha para seu anjo da guarda, lançou a idéia de realizarem a cerimônia lá, que também fora cenário para os casamentos dos avós e dos pais de Anália e para o seu batizado. "Foi bem mais fácil marcar lá."
Uma das coisas que os marcou foi que, por causa da altura da igreja, parecia que não tinha enfeites. "Compramos arranjos de flores que tinham dois metros de altura, mas eles não apareciam", lembra Paulo.
Não fizeram festa de casamento. Resolveram comemorar a dois de uma maneira mais simples: depois da cerimônia, antes de chegarem à nova casa, ainda nos trajes da cerimônia, eles pararam em uma pizzaria e pediram uma pizza para viagem. "Foi divertido!", afirmam. (13/03/2002)