Semelhanças entre opostos

Por Erica Shimamura
O Centro de São Paulo é um lugar em ebulição, por onde milhares de pessoas passam diariamente e onde tudo acontece. Do outro lado do mundo, no Centro de Nagoya, cidade japonesa, o ritmo é quase o mesmo, conta Veimí Fugisse, uma brasileira que viveu durante dez anos no Japão e boa parte dessa história em Nagoya.
Nagoya fica no coração do Japão e concentra mais de 2 milhões de habitantes. O Centro da cidade é chamado de Sakae e lá estão as melhores lojas, os restaurantes internacionais, as danceterias mais badaladas e os points culturais. "A região tem arquitetura bem moderna, cheia de arranha-céus que lembram a Paulista em São Paulo”, conta Veimí.
Como no Centro de São Paulo, pelas ruas de Sakae circulam multidões que trabalham ou fazem compras. É natural encontrar comunidades de indianos, iranianos, chineses, paquistaneses, americanos, peruanos e brasileiros entre os japoneses. “Lá a gente encontra um brasileiro em cada esquina”, lembra.
Além do fator étnico, Sakae também é torre de babel em outros sentidos. A região abriga religiosos Testemunhas de Jeová pregando em japonês. As prostitutas colegiais adoram o local para discretamente “fazer o ponto”. Tem também os hippies, só que lá eles tem cabelos e olhos claros e falam inglês. Outro dado interessante são os mendigos. Sim, no Japão também tem mendigo, mas "eles não pedem dinheiro para ninguém", disse Veimí.
À noite, o Centro de Nagoya não pára, só muda de cara. Lá estão as casas noturnas e restaurantes. Como no Japão só se vende bebida alcoólica em lojas de conveniência e máquinas até às 22h, os bares e danceterias existem para os que preferem esticar. “As discotecas e bares ficam nos edifícios e é preciso usar os elevadores para chegar nos lugares. Não quero fazer propaganda, mas o Urbana, muito freqüentado por brasileiros, é ótimo".
Apesar de haver semelhanças entre o Centro de Nagoya e o de São Paulo, Veimí faz uma comparação que não pode ser ignorada. “Existe ainda uma brutal diferença entre as duas cidades na questão da segurança. Lá em Sakae você pode andar a qualquer hora do dia sozinha sem ser incomodada. Eu nunca vi um roubo acontecendo e a polícia só aparece quando é solicitada, o que é raro. Infelizmente, o Centro de São Paulo é o extremo oposto do Centro de Nagoya na questão da segurança”, conclui.
Torcemos para que um dia cheguemos lá.