Ecletismo e calabresa

Pontualidade não é realmente o forte das integrantes do Sampacentro. Então lá estava eu, morrendo de fome em plena Casa Califórnia, em meio a 75 anos de história dos sanduíches, esperando todas chegarem para um encontro gastronômico. Sim, logo provaríamos os quitutes locais. Enquanto isso, aproveitei para pedir umas fritas e um chope. “Só tem cerveja --e de garrafa”, mandou o garçom. “Desce uma!”, respondi. “Uma cerveja para a menina”, gritou para o balcão. E assim fiquei menina para sempre.

Bom, regada a cerveja, a espera ficou mais fácil, ainda mais com umas batatinhas para rebater. Tentei falar com o dono, Nivio Teixeira de Carvalho Filho, mas ele estava ocupadíssimo. “Tô sozinho aqui no balcão. A menina pode me esperar?” Claro! Até prato ele fez enquanto eu aguardava. As garotas demoraram ainda uns 50 minutos. Ou seja, mais uma cerveja. Fazer o quê? Já logo chegaram falando das promoções, das lojas, das compras. “Depois a gente conversa. Agora, vamos comer, que eu tô desmaiando de tanta fome!” Todas concordaram. Fomos todas de PF (prato feito mesmo). Eu, de tanto olhar passar uns pratões de arroz com feijão, pedi só isso, acompanhado de uma saladinha. As outras pediram cada uma um PF diferente, experimentamos todos. Que delícia! “E esse clima de boteco!”, disse a Ligia. E completou: “Lanchonete coisa nenhuma, isso aqui é um boteco das antigas”. Sentindo o clima de estar em casa, comemos e pedimos mais uma rodada. E outra. E outra. A tarde foi passando com trilha sonora da loja de discos em frente. Rap, reggae, até “More than Words”, do Extreme, tocou. Acho que eles nem ouvem mais. Ecletismo e calabresa num sábado à tarde chuvoso. (18/11/2001) Lúcia Valentim Rodrigues