Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 24.02 ºC, São Paulo

Crocodilos no divã

Alberto Muñoz e Arrigo Barnabé se conheceram antes de se encontrarem. O poeta argentino recebeu uma fita com trabalhos do compositor brasileiro e quis saber mais sobre aquele autor. A partir desse interesse, o músico nascido em Londrina achou que havia encontrado um bom parceiro para projetos ousados. "Em 1994, o produtor argentino Carlos Welsh estava me procurando no Festival de Teatro de Londrina. Ele não sabia que eu era de lá. Perguntou à organização sobre esse tal de ´Arrigo Barnabé´. As pessoas disseram que eu estava na mesa ao lado no bar. Já foi uma coincidência, não? Quando me falou que Muñoz queria saber mais sobre mim, fui a Buenos Aires conhecê-lo", conta Barnabé. De nome estranho, a opereta "O Homem dos Crocodilos" conta, em dois atos, a história de um pianista (Tiago Pinheiro) em crise. Não consegue mais compor porque tem uma fobia de que o piano vá fechar a tampa sobre suas mãos e cortá-las. Ele vai encontrar ajuda no tratamento da psicanalista Clara (Cida Moreira) e descobrir a origem do medo. "Foi uma surpresa o CCBB resolver bancar esse trabalho. Eu estava desde 1997 atrás de patrocínio, sem nenhum sucesso", diz o músico sobre as dificuldades do início da montagem. "Conhecendo um pouco do caso, comecei a pensar numa ópera onde um compositor fosse ao psicanalista e existissem alguns comentários sobre o processo de criação musical no século 20. Minha idéia era levar a música ao divã", continua. O projeto também prevê outras possibilidades de narrativas -- como o teatro e a história em quadrinhos, com participação de Luís Gê. Sobre essa escolha multimídia, ele comenta: "É natural. A própria idéia de ópera, uma história contada através da música, implica uma ligação com o teatro. Tanto o teatro quanto os quadrinhos trabalham com a narrativa, e eu já havia feito uma experiência de música com HQ com o Luís Gê em 1984, com os Tubarões Voadores". Arrigo Barnabé elogia o espaço cultural do Banco do Brasil para óperas camerísticas e fala sobre sua ligação com o Centro. "Gosto muito da região, dessa coisa do anonimato e também de algum aspecto arquitetônico, histórico. Meus pontos favoritos são o Pátio do Colégio e o Mosteiro de São Bento. Gosto também daquele bar Lírico na Libero Badaró." A pré-estréia do espetáculo será no feriado do dia 15 de novembro e as apresentações para o público acontecerão de 16 a 18 e de 21 a 25 de novembro, às 18h, no Centro Cultural Banco do Brasil. Ingressos no local por R$ 15 e R$ 7. Barnabé se despede com graça, dizendo o que espera do público paulistano: "Só aplausos". (03/11/2001)

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending