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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Catedrático do Samba

Em janeiro de 2002, está previsto para sair o novo CD do sambista Germano Mathias, “Talento de Sambista”, produzido em parceria com Oswaldinho da Cuíca. O samba sincopado, caricato e malandro – sua marca registrada – estará presentes na obra, que inclui uma homenagem a São Paulo. Hoje em dia ele anda meio sumido, mas quem viveu a década de 50, deve se lembrar da música “Minha Nega na Janela”, com a qual Germano estourou. Ele começou sua carreira na música meio por acaso. “Eu freqüentava muitas gafieiras e rodas de samba, principalmente no Centro. Nas rodas, fazia muitas brincadeiras e, um dia, um amigo me falou que, em vez de eu ficar só fazendo palhaçada para eles, eu devia ganhar dinheiro assim”, lembra Germano. “Na época, a Rádio Tupi estava promovendo o concurso ‘À procura de um astro’ para selecionar um cantor e resolvi participar. Mas não achei que fosse ganhar, pois eram 300 candidatos.” Ele venceu e foi contratado pela rádio (“no dia 26 de outubro de 1955, me lembro da data até hoje”). Além de cantar na Tupi, Germano começou a se apresentar em casas de show no Brasil e em outros países, especialmente França e Portugal. O contrato com a Tupi, que a princípio era de quatro meses, estendeu-se para 2 anos. Germano era sucesso. Seus dois primeiros discos saíram pela gravadora RGE. “Mas foi com o terceiro, pela Odeon, que ganhei muito dinheiro, principalmente por causa do samba ‘Baile do Risca Faca’, de Jorge Costa”, conta. “Depois de um tempo, acabei brigando na Odeon, fui para a Philips, mas não me dei muito bem. Acho que foi nessa época que comecei a cair”, lamenta. “Cheguei a ir para a CBS, que era a gravadora do Roberto Carlos, mas depois só consegui contratos com empresas menores”. Em 1967, Germano Mathias recebeu o diploma “Bacharel do Samba”, um reconhecimento por seu trabalho concedido pelo programa “Astros do Disco”, da TV Record. Foi daí que veio o carinhoso apelido que ele carrega até hoje – Catedrático do Samba. Atualmente, Germano Mathias vive em um conjunto habitacional na Vila Brasilândia, bairro da periferia de São Paulo, próximo a Pirituba. “Já fui pobre, hoje, graças a Deus, me encontro na miséria”, diz, soltando uma gargalhada. “Pensou que eu ia dizer que estou bem, né?” Mas ele tem fé que, com seu novo CD, ele volte a aparecer e consiga ganhar um dinheiro. “Se eu cantasse esses pagodes, essas músicas que estão na moda, estaria rico.” O sambista mora com sua mulher, Ivone, tem uma filha e um neto. Como não poderia deixar de ser, ele conheceu Ivone em uma das gafieiras que freqüentava. “Ela estava toda linda, de minissaia, e me seduziu”, afirma, enquanto ela tenta desmentir. “Um dia, ela me convidou para tomar um café na casa dela e coou o café na calcinha, para me prender”, inventa. Para quem quiser contratar Germano Mathias para shows, o telefone é 3972-2541. (04/11/2001)

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