Flash news

Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 25.35 ºC, São Paulo

Sessão da tarde

Renata V. Mesquita Além dos diversos estilos, categorias e gêneros de filmes São Paulo oferece, diferente da maioria das cidades do país que mal acompanha em tempo real os lançamentos da indústria, outra opção: o ambiente em que os filmes podem ser assistidos. O sabor escolhido nesse feriado não teve aquele gostinho das salas do Cinemark e do UCI. Abri mão das confortáveis e reclináveis poltronas dessas grandes redes, para experimentar uma sala, cinqüentona, do Centro. O eleito foi o Cine Marabá (av. Ipiranga), um dos poucos cinemas que não tiveram que "abrir as pernas" às produções pornográficas para sobreviver ou que não foram transformados em igrejas, dentre a antiga leva que habita – ou habitou – essa região de Sampa.

Aquelas altas colunas do hall de espera que sustentaram a pompa das ricas famílias paulistanas – e até mesmo nacionais – hoje abrem passagem para pessoas simples que não podem pagar muito mais que os R$ 5,00 cobrados no ingresso de entrada. O figurino dos muitos presentes já não ostenta luxo como nos seus áureos tempos. Nem por isso, Jackie Chan e Chris Tucker, em Hora do Rush 2, lutaram menos ou foram menos engraçados, apesar de aparecerem um pouco embaçados na projeção que não estava 100% em qualidade. E mesmo tendo bastante gente comparecido àquela sessão, parecia pouco o público dentro do imenso salão do Cine Marabá, com quase 1500 lugares – 500 deles só no balcão, espaço que hoje nem mais existe nas salas de cinema. Em meio à diversão do filme, a platéia também atuou. Foram beijos estalados no momento romântico, palmas para as vitórias dos mocinhos. Outro clima, outra realidade bem diferente das grandes redes. Mais que uma sessão de cinema, um passeio sociológico. Uma visita aos poucos representantes restantes – e mesmo assim mal cuidados – da cultura e arquitetura da cidade. (15/10/2001)

Tags Trending TrendingTrendingTrendingTrending