É da gota!

O sotaque nordestino tão característico dos trabalhadores e moradores do Centro ganha voz no Teatro Hilton com a peça "Lisbela e o Prisioneiro". O circo traz o amor da vida de uma jovem moça vidrada em cinema. O rapaz é namoradeiro, não serve para casar. Ela sabe disso, já viu essa história na telona várias vezes. Mas quem manda no coração? Enredo simples e simpático, como manda o figurino.

Nesta adaptação de Guel Arraes, Pedro Cardoso e Jorge Furtado, estão presentes os personagens peculiares da região: o pai severo de coração mole, o cabra malandro e macho que até segura em chifre de touro, o jagunço violento que resolve tudo na bala, a moça linda que está de casamento marcado com um tonto de marca maior e o ajudante do delegado da cidadezinha, um subalterno com cara de bobo da corte. Neste cenário, quem rouba a cena é o jeitinho manhoso do cabo, vendedor de passarinho e "latin lover" de feira de esquina. Descontraída, já que o assunto vai ser vingança de corno --e corno covarde--, a trama permite aos atores caírem na risada junto com a platéia. Como aconteceu de fato com o ator-pistoleiro. A identificação com o público é imediata. Não com o corno, claro! Apesar de que, já diz o ditado popular, "quem nunca foi corno que atire a primeira pedra", não é? O espetáculo tem momentos de pura poesia de cordel. Como no encontro entre os protagonistas Bruno Garcia e Virgínia Cavendish. Ele pergunta o nome da moça. "Lisbela", respodem. E ele: "Eu sabia que era bela até no nome". Pode? O tal do noivo dela tem de ir é pra cucuia depois dessa. E vai. Desculpa estragar o final, mas papel de cronista é assim mesmo. Êta peça da gota mermo! Pena que só fica em cartaz até domingo. A direção é de Osman Lins. Então pode anotar o nome do cabra para ficar de olho! (01/10/2001) Endereço:
Teatro Hilton - Avenida Ipiranga, 165, República, tel. 259-6508. 420 lugares.
Horário: sáb., às 19h30; dom., às 18h. Até dia 30/9
Preço: R$ 3 (os ingressos estão esgotados)