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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

O balanço do Fotosp

O Centro de São Paulo é um lugar diferente. Cheio de vida, mas também cenário de mortes. Projetos arquitetônicos recém-reformados sorriem para as fotos enquanto prédios abandonados arrepiam quem passa na sua frente. Ângulos e formatos variados se misturam como em poucos lugares do mundo. Rostos e corpos redondos e quadrados, brancos e negros, judeus e muçulmanos. Concreto e verde. História passada e futura. Os ricos bancos onde se deposita dinheiro ficam frente a frente com os miseráveis depositados nos bancos das praças. Tudo isso é o Centro. Mas isso não é tudo no Centro. Só mesmo indo até lá para descobrir.

Não dá pra passear pela região desarmado, por isso gastei horas da noite anterior preparando minha arma e munição: uma câmera fotográfica e vários filmes. Quando cheguei ao front (Estação Julio Prestes), me deparei com milhares de soldados, todos devidamente preparados para a guerra. O objetivo que nos foi designado era simples, mas não simplório: conseguir a melhor foto e ajudar a mostrar o que o Centro de São Paulo tem de mais legal. Para alguns, é um edfifício clássico como o Banespa. Para outros, uma mulher no Viaduto do Chá. Como diria aquela propaganda tabagista, "cada um na sua, mas com alguma coisa em comum". Durante as horas que andamos, entre mortos e feridos, todos escaparam ilesos. Bom, pra falar a verdade, nem todos. Minha camiseta e calça ficaram imundas. Como diria minha avó "ninguém mandou fazer arte". Não conte pra ninguém, mas subi num dos telhados do Edifício Martinelli. Vamos então aos "números finais da guerra". Dois filmes e meio de 36 poses cada. 90 fotos. 180 minutos caminhando, outros 60 para comer. 12 reais pelo lanche e suco. Três foram as vezes que me perguntaram "o que é este bando de gente de coletinho amarelo?". 2200 fotógrafos andando pelo Centro durante dois dias inteiros. Dois pés cansados. Um sorriso no rosto. Uma vontade de voltar e fotografar as milhões de coisas que não foram clicadas. (25/09/2001) Por Marcelo Forlani

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