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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Camélia brasileira

No dia 28 de agosto, um bom filho à casa torna. No caso, uma filha. “E de temperamento forte”, diz Andrea Ferreira, soprano radicada na Itália. Neste dia, ela assume o papel de Violetta Valéry na montagem da ópera “La Traviatta”, de Giuseppe Verdi (1813-­1901), em cartaz no Teatro Municipal.

“Há quatro anos não canto em São Paulo. E o Municipal é o teatro que me descobriu e me projetou”, conta a cantora. Em julho de 1995, ela estreava como Berta, em “O Barbeiro de Sevilha”. Na sequência, viveu Zerlina em “Don Giovanni”. “É uma bela oportunidade, uma emoção muito grande voltar para onde comecei, além de poder cantar na minha cidade, que, para mim, é uma honra.” Até o final deste mês, ela é a doppione [espécie de reserva ou dublê] da norte-americana Patricia Racette, uma das divas da música erudita atual, em papel que já foi da famosa Maria Callas. Mas nem por isso pensa em puxar o tapete da colega. “Tenho o meu dia de récita. Já estou feliz.” No dia 28, ela canta ao lado do tenor Miguel Geraldi e do barítono coreano Jang Ho Joo. Mas não deixa de sonhar: “Se bem que ia ser o máximo me apresentar ao lado de Renato Bruson!”, diz, se derretendo pelo o barítono italiano de 65 anos, que vem sendo a sensação mais aplaudida da temporada no Municipal. Os doppioni ensaiam antes das “estrelas internacionais” chegarem. “Foi legal porque eles abdicaram de um ensaio com o maestro regendo. Para os meninos, foi importante, já que eles estão debutando nos papéis principais. Eu aproveitei para pegar os tempos desse maestro”, conta Andrea. Mas não se sente nervosa. “Dá um geladinho na barriga normal. Mas eu desencano total. No palco, você é a personagem. E só. Por mais que você ensaie, na hora, você faz o que sente.” Baseada em “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas Filho, a ópera conta a história de uma cortesã chamada Violetta Valéry. Numa festa, um visconde declara seu amor a ela e os dois se apaixonam. A barreira social vai impedi-los de ficarem juntos, até a tragédia final. Andrea considera uma maravilha poder interpretar Violetta. “Ela é complexa, sua personalidade interfere vocalmente no papel, dependendo em que ato você está. É tão difícil que é o meu preferido. Espero poder fazer muitas violettas ainda”, afirma. Uma característica das interpretações de Andrea são as lágrimas. “Sinto profundamente a letra e a melodia quando canto. Por isso sempre choro. Já virou até um estilo”, conta. A soprano começou por acaso. “Nem foi uma escolha, foi mais algo progressivo.” Depois de estudar piano, resolveu enveredar para o terreno do canto. “Prestei vestibular de novo e pensei: ‘Se eu passar, é porque é o caminho certo’.” Passou e se apaixonou pela ópera. Quem perder a oportunidade de assistir a “La Traviatta” ainda tem uma chance. Como 2001 marca o centenário de morte de seu compositor, o italiano Giuseppe Verdi, o Ano Verdi, que já teve “La Forza del Destino”, em julho, recebe em outubro “Il Trovatore”. Aguarde. (24/08/2001)

Serviço:
Theatro Municipal
Horário: dias 24 e 28 de agosto, às 20h30, e dia 26, às 17h
Praça Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698
Quanto: ingressos para os dias 24 e 26/8 (com elenco principal) de R$ 15 a R$ 130; para o dia 28/8 (elenco doppioni e regência de Mário Záccaro) de R$ 10 a R$ 90

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