Surpresas de vidro

Cor de tijolo que vira azul, branco que vira alaranjado, verde-claro que vira verde-garrafa, ocre que vira azul turquesa... As obras da artista plástica Layla Aiach são assim: surpersas de vidro. Uma lâmina, que pode ter até 18 milímetros de espessura, recebe as pinceladas da artista antes de ir ao forno. "Usamos pigmentos específicos para vidro e depois a peça vai ao forno e recebe um calor de 850 graus", explica Layla. "Por isso as cores mudam." Depois de colocada sobre um molde de fibra de cerâmica, a lâmina de vidro fica no forno por uma hora e meia ou duas. Mas só depois de 24 horas é que a peça pode ser retirada. "É uma delícia esse trabalho" -- diz Layla, que atua ao lado da artista plástica romena Josifa Aharony há 25 anos. Sete deles mexendo com vidro. "Primeiro nós começamos pesquisando as transparências em seda até chegarmos na técnica de murano, ou fundição em vidro" -- conta Layla, que nasceu na cidade de Urupês, no inteiror de São Paulo, e veio para a capital na adolescência. Apesar de morar e manter um ateliê no bairro do Paraíso desde que casou, há 37 anos, a artista plástica escolheu o Centro para expor seus objetos em vidro porque acredita que pode ajudar a "humanizar a região". "E aquele pedaço do Centro, em especial, é tão bonito", comemora. "Estou fazendo um trabalho comigo mesma de voltar ao Centro da cidade." Com exposições realizadas no Brasil e no exterior, as artistas plásticas ganharam uma boa bagagem cultural, e esperam transferi-la para o público da exposição. "Trabalhar com um material como o vidro é surpreendente. Antes de ir ao forno ele está de um jeito, mas quando a peça está pronta, é completamente diferente", diz. Nem a fragilidade do material assusta Layla: "de vez em quando nós nos cortamos ou nos queimamos, mas faz parte". Além dos pratos grandes de parede -- que a artista mais gosta de criar -- outros objetos puderam ser apreciados na mostra até agosto de 2001, como esculturas e utensílios de mesa. (21/07/2001)