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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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O reino das Dorminhocas

A história da famosa rua 25 de Março, conhecida pelo comércio ambulante de miudezas a preços baratos, está intimamente ligada à vida da condessa Angelina Gianotti, a empreendedora que descobriu o forte potencial da região para fazer dinheiro ajudando outras pessoas. Em 1959, a paulistana e filha de imigrantes italianos, fundou no edifício que fica de frente para a rua 25 de Março: a loja A Gaivota. Naquela época, o prédio todo era tido como residencial e pertencia somente a um proprietário. A partir deste ano, teve início o processo de comercialização da parte térrea do espaço. “Minha mãe, Angelina, pode ser considerada a pioneira do comércio nesta rua”, explica Ulisses Tadeu Giorgi, gerente de A Gaivota. Antes de abrir a loja, o objetivo de Angelina era ganhar dinheiro fazendo com que outras pessoas também pudessem se beneficiar deste tipo de comércio, o que mais tarde lhe rendeu o título de condessa, recebido de várias instituições paulistanas como reconhecimento de sua benevolência. Para colocar em prática seus ideais, a matriarca da família Gianetti resolveu iniciar o negócio comercializando todo tipo de artigo para a confecção de bonecas. A moda da época era a boneca Dorminhoca, uma espécie de Susi usada para enfeitar as camas das meninas. Com o ápice no setor de artesanatos nas décadas de 70 e 80, outras lojas apareceram, culminando com a venda para o comércio dos apartamentos residenciais do edifício mais conhecido hoje como Galeria Comercial da 25 de Março. Somente em 1978 o prédio se tornou comercial. Empresas como Maritel, B&B e Lionela começaram seus negócios comprando artigos n'A Gaivota. Hoje, além de encontrar tudo para a montagem de uma boneca ou de bichinhos de pelúcia, totalizando mais de cinco mil produtos para artesanato, A Gaivota oferece cursos para os interessados. Bordado, pintura, velas decorativas, embalagens e lembrancinhas são os mais procurados. Depois da morte de Angelina, quem passou a gerenciar a loja foi Ulisses e seu irmão Tadeu. Ulisses nasceu e cresceu na 25 de Março e guarda como uma das lembrança mais fortes de sua infância as descidas que fazia com o carrinho de rolemã na Ladeira Porto Geral. “No passado esta região era diferente. As pessoas moravam aqui, construíam suas histórias nestas ruas e lugares. A partir da década de 90 teve início na região o comércio ambulante, sem raízes e talvez fruto do desemprego em massa”, reflete. Para Ulisses, o Centro está longe de ser considerado um lugar perigoso. “O que choca os olhos das pessoas é a mistura de gente, de cheiros e dialetos. Tenho a impressão de que o Centro de São Paulo esconde cercas feitas naturalmente, que separa mundos diferentes a uma distância mínima. Executivos andam ao lado de nordestinos e ambulantes. Passando uma rua, o mundo é outro. Essa é beleza do Centro, um lugar onde tudo de bom e de ruim acontece”, define. (30/06/2001) Serviço:
A Gaivota
Rua 25 de Março, lojas 5 e 7, tel. 228-4755
Próximo ao Metrô São Bento
www.agaivota.com.br

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