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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

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Na minha casa sempre tem flor

Uma escultura em bronze de Victor Brecheret, da década de 40, intitulada "Depois do Banho". Edifícios baixos com suas bordaduras e sacadas, um jequitibá tomabado pelo patrimônio histórico e outras árvores centenárias. O primeiro bistrô francês instalado na cidade, há quase 50 anos: Le Casserole. Esses são os vizinhos de porta do Mercado de Flores do Largo do Arouche. Reconstiuindo o clima francês, com suas bancas de flores, ele é um dos responsáveis pelo charme da região há meio século. Alexandre Lourenço trabalha na floricultura Dora desde 1969. Nascido em Beira-Alta, ao Norte de Portugal, ele veio para o Brasil quando tinha 23 anos, depois de ter passado dois como Primeiro Cabo do Exército português na Índia. No entanto, foram-se oito anos antes de enveredar pelo caminho das flores: "Tinha alguns parentes que trabalhavam em Santos; então, quando me mudei para o Brasil, consegui emprego em uma empresa de ônibus naquela cidade", recorda-se. Aos 66 anos de idade o florista, hoje gerente da floricultura, trabalha das sete da manhã às 11 da noite. "O mercado de flores costumava funcionar 24 horas, mas o movimento diminuiu um pouco", conta. Quando perguntado sobre o que mais gosta em sua profissão, este simpático senhor é rápido na resposta: "Gosto de manter as flores sempre frescas e bonitas, no capricho e no bom preço", diz --caprichando, isso sim, no sotaque português. "Atendo aos clientes com muito amor e carinho", completa. Um deles é o médico Roberto Rovigatti, para quem Alexandre prepara um belo maço de antúrios. Ex-morador da avenida São Luís, onde residiu durante dez anos --mesmo tempo que é cliente da floricultura-- Rovigatti diz que pelo menos uma vez por mês vai ao Mercado escolher as flores pessoalmente. "Geralmente antúrios (comprados a três reais a unidade), crisântemos ou angélicas, estas últimas por causa do perfume", explica o gerente da floricultura. "Os arranjos daqui são muito interessantes, além de serem muito duráveis", diz o cliente. "Na minha casa sempre tem flor." (03/06/2001)

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