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Para reviver um pouquinho do Centro visto pelos seus personagens.

06/12/2025 26.28 ºC, São Paulo

C'est la vie!

Renata V. Mesquita Rua estreita, uma seqüência de antigos prédios conservados. Fora os carros que têm permissão para circular nessas ruas, nada de luminosos ou peças pós-modernas que destoam do estilo arquitetônico. Assim é o Centro de Lyon (sul da França) e de tantas outras cidades francesas. O que despertou em mim muita inveja ao lembrar, durante minha viagem para lá, da abatida e degradada região central de Sampa.

OK, Lyon – uma cidade das maiores do país com menos de 300 mil habitantes – não pode ser comparada com São Paulo. Fica difícil qualquer paralelo, na verdade, porque uma das características inteligentes do primeiro mundo é que mesmo as grandes cidades têm um tamanho “moderado” – às vezes até pequeno – para nossas referências. O máximo que podemos aproximar essas dimensões é Paris, com 2,2 milhões de habitantes, e São Paulo que possui 10,4 milhões (falo da população só das cidades sem contar os arredores aglomerados). Embora Paris não possua um bairro chamado Centro, Ile de la Citè – a região mais antiga da cidade – pode ser considerada como. Sua história começa como uma aldeia primitiva até que Júlio César chega, em 53 a.C., para promove-la a centro do poder político. Só pra lembrar: o Brasil foi descoberto somente muuuuitos anos depois, em 1500. São Paulo vai apagar 448 velinhas, em 2001. Temos bem menos história pra contar e, entretanto, pouco nos resta de arquitetura para ilustra-la. Não é pra menos, os franceses não param de restaurar! Por exemplo, o Louvre – que é uma construção gigantesca – nunca é abandonado pelos andaimes. Mal acaba a limpeza e eventuais restaurações das fachadas de frente para a pirâmide de entrada do museu e o processo já tem que ser recomeçado. Este é um exemplo bem pontual, afinal, Paris é rica de prédios históricos e rica graças a eles! É um ciclo vicioso muito positivo: valorizar a arquitetura atrai os turistas e os lucros do turismo ajudam a manter a cidade conservada. Em São Paulo, que já não é voltada ao turismo, andaime e telas verdes só em edifícios em construção – ou então em construções abandonadas no meio do caminho, neste último caso, na maioria ficam só as telas verdes! No Centro, recentemente, a iniciativa privada e a prefeitura têm investido na revitalização e na reurbanização. O motivo maior parece ter sido a ocupação do espaço, dar utilidade aos lugares. Turismo seria pretensão ainda. Falta muito trabalho e dedicação ainda, infelizmente! Depois de desbancar o Brasil no ranking da FIFA (não podia faltar futebol neste papo Brasil x França), eles só ficam devendo em uma coisa para nós: a conservação do metrô. Entretanto, o alcance das 14 linhas de metrô parisiense deixa São Paulo no chinelo. Nem vamos somar então a interligação com o trem municipal, intermunicipal e internacional. Deixa quieto! (19/05/2001)

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