Centro em cartaz

Abrir mão das poltrona confortáveis do Cinemark! Deixar os últimos lançamentos de Hollywood pra depois – embora atualmente não haja nenhum título imperdível pra ser assistido! É de se questionar se vale a pena deixar o conforto de lado e embarcar num taxi para o Centro da cidade.

Entrar numa sala de mais de 150 cadeiras onde ao chegar, mesmo sem querer, enfia-se a cabeça na frente do projetor fazendo uma grande sombra no meio da imagem. “Só mesmo essas loucas do Sampacentro!”, você pode estar pensando. Que nada! Havia muitos outros “loucos” no mesmo barco. A sala estava quase lotada. Até mesmo os ingressos do teatro ali em cartaz estavam esgotados. Fez-me pensar o que levou tanta gente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Centro de São Paulo, num sábado à noite. Seria tudo por Walmor Chagas e Eva Wilma, muito novinhos, em preto e branco? Seria pra ver na tela a sociedade anônima da metrópole dos anos 60 e 70? Reconhecer o Viaduto do Chá, o Teatro Municipal, a Praça da República no filme “São Paulo S/A”? Seria para aproveitar a “Metro – A Metrópole em Você” programação de abertura do CCBB? Pareceu-me que no caso, independente do filme ou da peça, o Centro era o que estava realmente em cartaz! As pessoas estavam ali para experimentar, em meio às quebradas de uma região vista com tanto receio. Embora pareça que há muita disposição por parte do público, a ponto de lotar as sessões, as redondezas ainda continuam ingratas. Tenho que concordar: não fui assaltada, nem nada, mas fiquei assustada ao andar pelo calçadão do Centro à noite. Pouca iluminação e nenhum taxi. “Pequenos” detalhes que não ofuscam o evento mas que, sem dúvida, precisam ser “consertados” para fechar a noite em grande estilo. (06/05/2001)